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Formada em Ed. Física, pela Universidade Estadual de Goiás; atuando nas diversas áreas da academia, com foque em treinamento individualizado (personal trainning), musculação e spinning; também em natação, hidroginástica.

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Muitos textos e assuntos diversos


Musculação para crianças



Escrito por Prof. Cauê V. La Scala Teixeira
terça, 07 de abril de 2009
A obesidade infantil é um grave e crescente problema que vem incomodando as principais entidades de saúde no mundo todo. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a obesidade atinge cerca de 15% das crianças.
A probabilidade de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é de 20% e pode chegar a 40-80% se esta criança persistir obesa na adolescência. Como se não bastasse por si só, a obesidade aumenta o risco de desenvolvimento de diversas doenças crônico-degenerativas, tais como, a hipertensão, o diabetes tipo 2, entre outras. Sendo assim, os riscos à saúde associados à obesidade são diversos, contudo, através de informações podemos contribuir para a diminuição dessas estatísticas.
Diversos são os fatores que contribuem para essa situação negativa. Um dos principais exemplos que podemos citar é a diminuição da atividade física, devido a fatores como o avanço tecnológico e o aumento da violência urbana.
É cada vez mais comum, nos momentos de lazer, observar crianças em suas casas em frente a videogames e computadores e, em contrapartida, muito raro ver crianças brincando nas ruas.
Essas mudanças dos hábitos infantis, com o passar dos anos, tende a mudar o perfil físico da maioria das crianças. A criança que antes poderia ser ativa e magra, hoje é inativa e gorda.
Esse fato leva os profissionais da área da saúde a estudarem estratégias e opções de atividades que possam, de uma forma ou de outra, compensar o sedentarismo proporcionado pelos hábitos de vida modernos.
Uma opção interessante de atividade física que vem crescendo no meio infantil e juvenil é a prática da musculação. Uma sala de musculação oferece, dentre demais benefícios, uma atividade eficiente em um local seguro, o que atende grande parte da expectativa dos pais.
Mitos como "a musculação não pode ser praticada por crianças porque atrapalha o crescimento" já foram derrubados graças aos avanços científicos. Portanto, não há respaldo que suporte tais inverdades, desde que a atividade seja prescrita e supervisionada por um profissional de educação física especializado no assunto.
Sendo assim, a musculação soma-se às demais atividades, ampliando o leque de opções de forma eficaz e segura, de modo a satisfazer pais, crianças e professores.
Cabe a nós, profissionais de educação, a função de divulgar essa idéia a fim de contribuir para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida de nossas crianças.


Texto: Prof. Cauê V. La Scala Teixeira - CREF 4257-G/SP
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Licenciatura Plena e Bacharelado em Educação Física - FEFIS/UNIMES (2004);
Pós-graduação em Fisiologia do Exercício - CEFE/UNIMES (2006);
Pós-graduação em Aspectos Fisiológicos e Metodológicos Atualizado do Treinamento de Força - UNISANTA (2009)


GH - mitos e verdades



Escrito por Prof. Paulo Gentil
domingo, 01 de março de 2009
Todos sabem dos supostos atributos do Hormônio do Crescimento (GH). Basta abrir qualquer revistinha e ler a lista. Mas, afinal de contas, o que realmente é comprovado sobre o GH? Será que os achados científicos apóiam a bajulação em torno desse hormônio? E (a pergunta de sempre) será que vale a pena pagar o preço?

Antes de iniciarmos o estudo, recomendo cuidado na interpretação das pesquisas, pois sabemos que o hormônio do crescimento pode levar a mudanças em diversos tecidos, incluindo muscular, articular e ósseo. Quando se verifica um aumento na massa magra, significa que houve aumento em algum dos componentes do seu corpo que não sejam gordura, portanto aumento de massa magra não significa necessariamente aumento de massa muscular. Quanto a esse equívoco (talvez propositalmente induzido pela industrias farmacêuticas) o médico MICHAEL MOONEY, respeitada autoridade em preservação muscular e HIV, desafiou uma empresa produtora de GH: com a seguinte declaração: "Ressalto que o único estudo de Serotostim (nome comercial do GH da empresa) que incluiu uma avaliação crítica das mudanças no tecido muscular usando MRI (ressonância magnética) não mostrou nenhuma alteração. Todos os demais usaram análise de impedância bioelétrica, a qual mede a massa corporal magra, mas não pode medir com segurança as mudanças musculares. Na Terceira Conferência Internacional de Nutrição e Infecção por HIV, em Cannes, França, abril de 1999, Donald Kotler, médico de St. Lukes-Roosevelt Medical Center de Nova York, reportou os resultados de um estudo de 6 meses com o hormônio do crescimento Serotostim. Os resultados do Dr. Kotler mostraram que 6 mg de Serostim por dia não promoveram aumento significativo no tecido muscular durante as doze semanas em que os dados de repetidas MRI de oito pacientes estavam disponíveis. Muitos outros estudos com diversas populações HIV-negativas também não mostraram melhoras aparentes no tecido muscular"Tendo essa observação em mente, prosseguimos com o tema. A partir de 1985, com a facilidade de se obter o GH sinteticamente através da recombinação do DNA humano, cientistas do mundo todo dedicaram inúmeras pesquisas ao uso terapêutico deste peptídeo, principalmente em idosos e HIV-positivos. HIV-positivos
Inicialmente os experimentos foram direcionados a pacientes debilitados. Nessa linha, SCHAMBELAN et al (1996) avaliaram os efeitos, no longo prazo, do tratamento com hormônio do crescimento no peso, composição corporal e performance funcional de HIV-positivos. O grupo experimental recebeu 0,1 mg/kg/dia durante doze semanas, e o outro grupo recebia placebo. O tratamento com hormônio do crescimento ocasionou ganho de peso e massa magra, com diminuição na massa de gordura, ao contrário do grupo controle, que não teve diferenças relevantes nos resultados.Como o tratamento prolongado de hormônio do crescimento sai muito dispendioso, PATON et al (1999) direcionaram um experimento ao uso de GH coincidindo com a presença de infecções oportunistas durante duas semanas, visando atenuar a perda de massa muscular em HIV-positivos. Nos pacientes tratados com GH, o catabolismo se mostrou 60% menor, com aumento médio de 2,2kg na massa magra e diminuição de 0,7 kg de gordura. Os autores apresentam esse tipo de intervenção como relativamente segura e eficiente, com um menor custo financeiro, visto que a terapia só é realizada em períodos curtos.Mas nem todos os resultados foram positivos, um estudo de 1996 tratou pacientes em estados catabólicos crônicos com as formas recombinadas de GH (1,4mg/dia) e IGF-1 (5 mg 2 vezes por dia), ou ambos. Todos os grupos tiveram aumento na massa magra e diminuição na massa de gordura, porém os ganhos foram muito inconstantes e instáveis, levando à conclusão de que as drogas e doses testadas não são recomendadas (WATERS et al, 1996). Mais um estudo nessa linha é o de MOONEY (1999), no qual se usou cerca de 6 mg/dia de GH em pacientes portadores do vírus HIV. Ao final das doze semanas não houve mudanças positivas na musculatura esquelética. Com base em conclusões similares WELLE, (1998), afirma que os efeitos anabólicos do tratamento com GH no longo prazo não justificam a abundante terapia de reposição hormonal.Idosos
Os idosos são um grupo, no qual os efeitos do GH foram bastante estudados. Como em 1999, quando KIM et al observaram os efeitos lipolíticos e anabólicos do tratamento com hormônio do crescimento mesmo com restrição calórica. Os pesquisadores também analisaram as mudanças na secreção de insulina e GH. Juntamente com uma dieta de 25 kcal/kg e 1,2 g/kg de proteína por dia, os pacientes recebiam hormônio do crescimento ou placebo. As injeções de hormônio do crescimento aumentaram as quantidades de IGF-1 e induziram a perda de gordura visceral, sem ocasionar alterações na liberação de insulina durante o teste de tolerância a glicose. O grupo experimental, tratado com GH, obteve perda de peso 1,6 vezes maior e manteve a massa magra, enquanto o grupo controle perdeu uma média de 2,62 kg de massa magra, apresentando balanço nitrogenado negativo.Vimos na primeira parte do texto o possível funcionamento do eixo GH/IGF-1, cuja importância é muito comentada nas adaptações ao treino de força. Para estudar o tema, TAAFFE et al (1994) realizaram um estudo no qual os pacientes praticavam musculação por 24 semanas, recebendo GH humano recombinado (0,02 mg/kg/dia) ou placebo durante as dez últimas semanas de treinamento. Foram medidas a força máxima, composição corporal e níveis séricos de IGF-1. Inicialmente, as quantidades circulantes de IGF-1 eram baixas nos dois grupos (106 mcg/L, aproximadamente metade do correspondente a jovens saudáveis). Com o tratamento de GH, houve aumento de cerca de 100% na quantidade de IGF-1 sérico, ao contrário do grupo controle (218mcg/L contra 119mcg/L), porém isto não se refletiu em influências positivas na força. Apesar da diminuição da massa de gordura e aumento na massa magra nos pacientes tratados com GH, não houve aumento significativo na força.O mesmo TAAFE publicou outro estudo sobre o tema usando idosos em sua amostra e concluiu que o uso do GH (0,02mg/kg/dia) não provoca aumento na hipertrofia muscular, indo contra a hipótese de que a deficiência no eixo GH-IGF seja causadora de menores respostas ao treinamento em idosos. (TAAFFE et al, 1996).Esses resultados seguiram sendo confirmados por YARASHESKI et al (1995), os quais apontam que o treinamento com pesos aumenta a força e o anabolismo em idosos, porém não há influências positivas do GH nesses parâmetros, levando os pesquisadores à conclusão que os ganhos de massa magra possivelmente são advindos de aumento das proteínas não-contráteis e retenção de fluídos. A pesquisa liderada por YARASHESKI durou dezesseis semanas, incluindo musculação (4 x semana) e doses diárias de 12,5 a 14 mcg/kg/dia de GH ou placebo. O interessante é que a administração do hormônio causou tanto aumento no anabolismo, quanto no catabolismo protéico, com os ganhos de força e valores líquidos de síntese protéica sendo similares em ambos os grupos.O mesmo YARASHESKI participou em 1997 de outra pesquisa desanimadora para os fãs do GH. Dessa vez, foi questionada a relação do tratamento com GH (12,5 a 18 mU/kg/dia) na densidade óssea. Nesse estudo de dezesseis semanas, aliou-se a administração de GH a exercícios físicos. As variáveis medidas foram: composição corporal, densidade óssea e níveis séricos de IGF-1. Tanto o grupo que recebeu, quanto o que não recebeu hormônio do crescimento aumentaram de maneira similar a massa magra, apesar de o grupo experimental ter maiores aumentos nos níveis séricos de IGF-1 após o treino. As melhoras na densidade óssea foram semelhantes em ambos os grupos, sugerindo maior turnover ósseo, sem acúmulo de mineral.Um estudo publicado em fevereiro de 2002, praticamente concluiu a discussão sobre o tema. LANGE et al (2002) utilizaram modernos mecanismos (DEXA, ressonância magnética, aparelhos isocinéticos) para detectar as alterações promovidas pelo uso de GH em pacientes idosos ao final de doze semanas de tratamento. A amostra foi dividida em quatro grupos: treinamento de força; treinamento de força + GH; GH e controle. Novamente, foram detectadas elevações significativas na concentração sérica de IGF-1, redução da massa gorda e aumento da massa magra. No entanto, o hormônio não trouxe vantagens no ganho de força nem hipertrofia. O fato mais significativo desse estudo foi ter verificado as alterações na secção transversa do músculo esquelético através da ressonância magnética, confirmando que o uso de GH não favorece de maneira significativa o ganho de massa muscular, independente de ser utilizado isoladamente ou concomitante ao treino de força (LANGE et al, 2002).Jovens
Mesmo em pacientes jovens com deficiência de GH, o uso desse hormônio, nem o de IGF-1 causaram aumentos na força. Apesar de ocorrer aumento na massa magra e redução do percentual de gordura em ambos os casos, o tratamento com GH provocou a maior perda de lipídios, além de diminuição na oxidação de carboidratos e aumento das concentrações de glicose indicando resistência súbita à insulina. Nem o IGF-1 nem o GH afetaram os fluxos de cálcio, confirmando a hipótese de que nenhum deles é pivô no metabolismo ósseo desse mineral (MAURAS et al, 2000).O simples fato do uso do GH ser questionável para promover aumento de massa muscular em pacientes debilitados já seria suficiente para desencorajar o uso desse hormônio em indivíduos saudáveis, pois se a intervenção não é capaz de aumenta massa muscular em estados catabólicos extremos, que dirá em organismos normais!!! Ainda assim, é interessante ressaltar evidências diretas como estudos de YARASHESKI et al, (1992); YARASHESKI et al, (1993) e DEYSSIG, et al, (1998).YARASHESKI et al (1992) realizaram um experimento para avaliar o efeito do tratamento de GH (40 mcg/kg/dia) no anabolismo muscular associado ao treinamento com pesos durante doze semanas. Ao final do estudo, os autores concluíram que o ganho de massa magra proveniente do tratamento com GH é principalmente devido ao aumento de outros tecidos, que não muscular, portanto o uso deste hormônio não aumenta o anabolismo muscular resultante do treinamento com pesos. O mesmo YARASHESKI, juntamente com outros autores, publicou outra pesquisa no ano seguinte com o mesmo objetivo: avaliar a influência do GH (40 mcg/kg/dia) no anabolismo muscular, só que agora foram verificados os efeitos agudos (14 dias) em levantadores de peso experientes. Novamente os valores de IGF-1 aumentaram (224 para 589 ng/ml) e mais uma vez não houve influência positiva no anabolismo.O estudo de DEYSSIG foi feito em atletas (0,09 UI/kg;dia), e os autores tiveram o valioso cuidado de controlar o uso de esteróides anabólicos. O GH elevou as concentrações séricas do próprio hormônio, de IGF-1 e da proteína transportadora de IGF-1, além de aumentar a taxa de insulina em jejum e diminuir a de tiroxina. Porém, não houve ganho de força nem melhora na composição corporal, concluindo-se que os efeitos anabólicos e lipolíticos do tratamento com GH podem depender da massa gorda e da deficiência na produção desse hormônio, sendo ineficiente no caso de jovens saudáveis.Considerações finais
Apesar de toda propaganda exaltando o GH, não existem justificativas para o uso estético desse hormônio. É incompreensível que a mídia e demais pessoas propaguem tais idéias sobre uma substância ineficiente, e demonizem outros hormônios como os derivados da testosterona. A verdade é que o tratamento a base de esteróides anabólicos, parece ser tão, ou mais eficiente e seguro que a terapia com GH, além é claro, da inegável vantagem econômica.O eventual aumento de massa magra relacionado ao uso de GH pouco tem a ver com hipertrofia do tecido muscular. Em estudos científicos, o efeito verificado com mais freqüência é a redução no tecido adiposo, no campo prático há alguns relatos isolados de melhora na pele e cabelo. Dessa forma, a maioria dos ganhos provenientes da terapia de GH podem ser obtidos com facilidade através de práticas alternativas, as quais dificilmente chegarão às cifras gastas com o GH. Outro aspecto a se ressaltar é a freqüente insignificância dos ganhos de força, indicando que não houve aumento nas proteínas contráteis. Independente das alterações morfológicas, o simples fato de o aumento de massa magra não acarretar melhoras funcionais no aparelho locomotor é um aspecto negativo, pois a melhora funcional deveria ser um aspecto importante de qualquer terapia ou treinamento físico, mesmo com fins estéticos.Reconheço que, para variar, minhas opiniões estão indo contra a corrente atual de pensamento, porém não tenho nenhuma obrigação em agradar a mídia e nunca gostei de seguir cegamente dogmas.Antes, prefiro analisar criticamente o assunto, formar uma opinião concreta e compartilhá-la com vocês, doa a quem doer.
Referencias Bibliográficas
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LANGE KH, ANDERSEN JL, BEYER N, ISAKSSON F, LARSSON B, RASMUSSEN MH, JUUL A, BULOW J, KJAER M. GH Administration Changes Myosin Heavy Chain Isoforms in Skeletal Muscle But Does Not Augment Muscle Strength or Hypertrophy, Either Alone or Combined with Resistance Exercise Training in Healthy Elderly Men J. Clin. Endocrinol. Metab., Feb 2002; 87: 513 - 523.
MAURAS N, O'BRIEN KO, WELCH S, RINI A, HELGESON K, VIEIRA NE, YERGEY AL Insulin-like growth factor I and growth hormone (GH) treatment in GH-deficient humans: differential effects on protein, glucose, lipid, and calcium metabolism. J Clin Endocrinol Metab 2000 Apr;85(4):1686-94
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SCHAMBELAN M, MULLIGAN K, GRUNFELD C, DAAR ES, LAMARCA A, KOTLER DP, WANG J, BOZZETTE SA, BREITMEYER JB Recombinant human growth hormone in patients with HIV-associated wasting. A randomized, placebo-controlled trial. Serostim Study Group. Ann Intern Med 1996 Dec 1;125(11):873-82.
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WATERS D; DANSKA J; HARDY K; KOSTER F; QUALLS C; NICKELL D; NIGHTINGALE S; GESUNDHEIT N; WATSON D; SCHADE D Recombinant human growth hormone, insulin-like growth factor 1, and combination therapy in AIDS-associated wasting. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial Ann Intern Med, 1996 00, 125: 11, 865-72
WELLE S Growth hormone and insulin-like growth factor-I as anabolic agents. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 1998 May;1(3):257-62
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Prof. Paulo GentilPresidente do GEASEFonte:GEASE - Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercíciohttp://www.gease.pro.br/Brasília / DF

Oxido nitrico


Escrito por Prof. Paulo Gentil
domingo, 01 de março de 2009
Prof. Paulo Gentil
O óxido nítrico (NO), ou monóxido de nitrogênio, é uma substância reconhecidamente importante para sinalização molecular. Na década de 1980, descobriu-se que o NO tem um papel crucial em diversas funções fisiológicas, inclusive no sistema cardiovascular, nervoso e imune, tais descobertas redundaram num interesse crescente neste gás, levando-o a ser considerado a molécula do ano em 1992 (Culotta & Koshland, 1992).Os efeitos mais pesquisados do NO são no sistema cardiovascular. O NO é sintetizado nas células endoteliais a partir da arginina e do oxigênio por enzimas chamadas óxido nítrico sintases (NOS) e pela redução de nitratos inorgânicos (Miller & Megson, 2007). Nas células vasculares da musculatura lisa ele atua por vias enzimáticas específicas para promover a vasodilatação (Jeremy et al., 2004), além de inibir a agregação plaquetária (Crane et al., 2005) e ter efeito antiinflamatório (Bath, 1993).No entanto, é importante notar que a quantidade de NO necessária para produzir os efeitos benéficos é extremamente baixa, sendo que suas propriedades em altas concentrações são totalmente diferentes, especialmente sob estresse oxidativo, situações nas quais ele reage com superóxido para formar peroxinitrito (Miller & Megson, 2007). Nestas circunstancias, o NO é citotóxico e pode ter associação com patologias como carcinomas, condições inflamatórias, artrite, esclerose múltipla, etc.SuplementaçãoRecentemente, grande atenção foi dado ao óxido nítrico pelos praticantes de musculação, graças às promessas feitas por fabricantes e vendedores de suplementos alimentares. Como o óxido nítrico é envolvido com o processo de vasodilatação, propagandeou-se que os suplementos prolongariam o inchaço muscular, deixando os músculos maiores, em termos crônicos. Além de mais raramente se falar da possibilidade do NO estar envolvido no processo de sinalização de recuperação muscular, pela sua associação com a resposta imunológica e sua participação na ativação de células satélites.O NO é sintetizado em uma grande variedade de células, onde atua como um sinalizador autócrino/parácrino. Devido à sua alta reatividade, sua esfera de influência não ultrapassa 100μm a partir de sua origem, com meia-vida de poucos segundos (Miller & Megson, 2007). O primeiro ponto a se considerar sobre os suplementos já surge aqui. Por suas características químicas, não há como se ingerir esse gás por meio de suplementos, portanto não se suplementa óxido nítrico. A maioria dos suplementos que tentam se associar ao óxido nítrico traz em sua fórmula o seu potencial precursor, o aminoácido arginina.A suplementação de arginina demonstrou promover melhoras nas funções endoteliais em pessoas e animais com patologias específicas, como altos níveis de colesterol, angina e doenças vasculares (Drexler et al., 1991; Creager et al., 1992; Dubois-Rande et al, 1992; Clarkson et al., 1994; Boger et al., 1995; Ceremuzynski et al., 1997; Tousoulis et al., 1997). Entretanto, apesar de existirem resultados convincentes associando a suplementação de arginina com parâmetros cardiovasculares, a forma como a arginina melhora tais funções ainda não é totalmente conhecida, e ainda é questionável se ela realmente exerça efeitos relevantes na quantidade de NO em pessoas saudáveis.A disponibilidade de arginina não é limitante para a reação da NOS, pois a quantidade de arginina normalmente disponível no organismo excede em milhares de vezes a quantidade necessária para que as reações de síntese de NO aconteçam (Loscalzo, 2000). De fato, estudos recentes revelam que a suplementação de arginina não promove aumentos na produção de óxido nítrico, além de não influenciar a performance nem o metabolismo durante o exercício (Liu et al., 2008), sendo que resultados similares já haviam sido obtidos anteriormente (Wennmalm et al., 1995).Repetindo a idéia já citada anteriormente, quando de fala em suplementos da via do NO, não se discute o uso de NO e sim o uso de arginina. Nesse sentido, independentemente da arginina aumentar a quantidade de NO, o uso de arginina é comprovadamente ineficiente há vários anos. A literatura científica é consistente em comprovar que a suplementação deste aminoácido não promove melhoras nos ganhos de força ou massa muscular em pessoas saudáveis (Williams, 1999; Campbell et al., 2004; Paddon-Jones et al., 2004). Grande parte dos suplementos contém a arginina alfa-cetoglutarato como principal estrela de suas fórmulas, a qual também não tem efeitos benéficos comprovador para praticantes de musculação. Nesse sentido, um estudo recente comparou o uso de creatina sozinha com o uso de um suplemento comercial que continha creatina adicionada a uma fórmula que supostamente estimularia a produção de NO e revelou que não houve diferença nos resultados obtidos, de modo que os efeitos podem ser atribuídos apenas à creatina (Little et al., 2008).As propagandas dos suplementos geradores de NO são repletas de impropriedades, a sigla da substância já começa errada, pois NO2 não é óxido nítrico (monóxido de nitrogênio), e sim dióxido de nitrogênio. Outro ponto sinistro é a definição do suplemento como hemodilatador, uma palavra aparentemente inventada pelos vendedores e que, até onde se tem conhecimento, carece de coerência fisiológica. Não se dilata o sangue, como a palavra sugere, se dilatam os vasos, portanto, o termo correto é vasodilator. Outro erro é dizer que os suplementos contem óxido nítrico, algo impossível, como vimos anteriormente devido às características químicas desse gás! A proposta de um efeito vasodilatador constante no músculo treinado seria perigosa, pois causaria desequilíbrios na distribuição de sangue para demais tecidos e órgãos, além de descontrole da pressão arterial.Só essas incoerências já seriam suficientes para retirar a credibilidade dos suplementos e dos vendedores, pois demonstram uma gritante limitação de conhecimento e carência de fundamentação teórica. Fica difícil entender como se pode vender algo com base em argumentações tão pífias. Os absurdos prosseguem no estudo citado para defender o uso do produto, aqui recomendo uma leitura dos artigos da série “Como somos enganados pela indústria de suplementos”, com especial atenção ao “estudo” conduzido na Universidade de Baylor. Outro ponto, o suposto efeito na arginina na liberação de GH também foi discutido anteriormente no artigo "Estimuladores da liberação de hormônio do crescimento - secretagogues".
Enfim, com base no conhecimento fisiológico e na literatura disponível podemos concluir com segurança que os suplementos que supostamente atuariam na via do NO não trazem os resultados prometidos. Deste modo, pode-se adicionar tais suplementos à enorme lista de substâncias que não tem efeitos científicos comprovados nos ganhos de força e massa muscular e, pior, que não tem condições fisiológicas de induzir os resultados prometidos pelas propagandas.
Referências bibliográficas
Bath, PM. The effect of nitric oxide-donating vasodilators on monocyte chemotaxis and intracellular cGMP concentrations in vitro. Eur J Pharmacol. 1993;45:53–58.
Boger RH, Bode-Boger SM, Mugge A, Kienke S, Brandes R, Dwenger A, Frolich JC. Supplementation of hypercholesterolaemic rabbits with L-arginine reduces the vascular release of superoxide anions and restores NO production. Atherosclerosis. 1995;117:273–284
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Ceremuzynski L, Chamiec T, Herbaczynska-Cedro K. Effect of supplemental oral L-arginine on exercise capacity in patients with stable angina pectoris. Am J Cardiol. 1997;80:331–333.
Clarkson P, Adams RM, Powe AJ, Donald AE, McCredie R, Robinson J, McCarthy SN, Keech A, Celermajer DS, Deanfield JE. Oral L-arginine improves endothelium-dependent dilation of hypercholesterolemic young adults. J Clin Invest. 1996;97:1989–1994.
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Culotta, E; Koshland, DE., Jr NO news is good news. Science. 1992;258:1862–1865. Miller MR, Megson IL. Recent developments in nitric oxide donor drugs. Br J Pharmacol. 2007 Jun;151(3):305-21.
Drexler H, Zeiher AM, Meinzer K, Just H. Correction of endothelial dysfunction in coronary microcirculation of hypercholesterolaemic patients by L-arginine. Lancet. 1991;67:1301–1308.
Dubois-Rande JL, Zelinsky R, Roudot F, Chabrier PE, Castaigne A, Geschwind H, Adnot S. Effects of infusion of L-arginine into the left anterior descending coronary artery on acetylcholine-induced vasoconstriction of human atheromatous coronary arteries. Am J Cardiol. 1992;70:1269–1275.
Jeremy, JY; Rowe, D; Emsley, AM; Newby, AC. Nitric oxide and the proliferation of vascular smooth muscle cells. Cardiovasc Res. 1999;43:580–594
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Adequação física à periodização tática



Escrito por Luiz Claudio Zulai
domingo, 01 de março de 2009
Uma abordagem em função à preparação do jogo
Para que possamos compreender o presente texto, faz-se necessário algum conhecimento sobre treinamento desportivo e periodização tática no futebol. Pois bem, vejamos, a seguir, o trecho escrito por Teodorescu (2003), adaptado, no que diz respeito à metodologia da preparação da equipe para o jogo, mais especificamente em relação à gradação e alternância do esforço: “Como padrão do esforço, consideraremos, convencionalmente, aquele que se emprega no jogo oficial, ao qual se atribui o índice 100. Esse índice 100 é geralmente apreciado como esforço maximal, sendo considerado ponto máximo de solicitação em esforço, ponto máximo da intensidade. Mas, ponto máximo da intensidade do esforço no ciclo semanal pode também ser considerada como uma intensidade que ultrapassa ou se situa abaixo de 100, mas que representa a mais intensa solicitação na respectiva semana;” O autor exemplifica a planificação semanal:
v\:* {behavior:url(#default#VML);} o\:* {behavior:url(#default#VML);} w\:* {behavior:url(#default#VML);} .shape {behavior:url(#default#VML);}
O fato é que atribuímos o “índice 100” ao esforço do qual emprega-se em um jogo oficial, portanto, cuja solicitação se reflete no âmbito técnico-tático-físico-mental de forma única, considerando o conjunto dos elementos de forma indissociável, podendo ser adaptado de acordo com o ciclo semanal. Analisemos, então, esta perspectiva de planejamento em função da periodização tática.
A quantificação das cargas processa-se da mesma forma, porém em função de grandes princípios, subprincípios e subprincípios dos subprincípios (princípio da alternância horizontal em especificidade). Podemos verificar que a demanda física proposta em ambos os casos é relativa ea densidade (em termos desportivos, a relação entre volume e intensidade em função do intervalo recuperativo) compassível, uma vez que a intensidade pode ser manipulada em função do trabalho realizado (velocidade, dinâmica e etc.). Esta característica peculiar nos remete a uma questão, que a poucos se tornará um dos tópicos de maior conflito em relação à preparação futebolística moderna: a preparação física. Seria mesmo necessário realizarmos uma preparação física “específica” (que de específica possuí apenas o nome, uma vez que a situação-problema, seja ela física ou não, não está vinculada ao processo), para alcançarmos platôs de desenvolvimento de nossos atletas, ao invés de prepará-los, não apenas fisicamente, mas também técnico-tático-mentalmente ao contexto lógico e funcional do JOGO (índice 100)? Em qual caso, considerando o “índice 100” de esforço ao jogo oficial, obteremos uma preparação realmente específica? Quatro em um ou um em quatro? Possibilidades existem, a escolha é sua.


Bibliografia OLIVEIRA, B.; AMIEIRO, N.; RESENDE, N.;BARRETO, R.; Mourinho: Porque tantas vitórias?; Editora: Gradiva, Lisboa, 2006. TEODORESCU, L.; Problemas de teoria e metodologia nos jogos desportivos; Editora: Livros horizontes, Lisboa, 2003.


Autor: Luiz Claudio Zulai


GH - o que é e como atua

Prof. Paulo Gentil

Sem duvidas este peptídeo é um dos assuntos preferidos da mídia, que esporádica e invariavelmente exalta fórmulas mágicas supostamente capazes (suposição deles, claro) de resolver os problemas da humanidade, afinal de contas a busca pela perfeição sempre foi e sempre será uma constante entre os seres humanos, por mais discutíveis e voláteis que sejam os conceitos de perfeição. A bola da vez é o hormônio do crescimento humano (a partir de agora GH), sendo a ele atribuídos:
Redução do percentual de gordura, com redução da celulite,
Aumento da massa muscular,
Fortalecimento dos ossos e articulações,
Pele mais saudável,
Melhora da performance sexual e atlética,
Maior capacidade de cura de lesões,
Diminuição da pressão arterial,
Aumento do HDL,
Combate à osteoporose,
Enfim uma vida mais feliz e produtiva! Mas afinal de contas, o que é o GH? O GH é um hormônio liberado pela parte anterior da glândula hipófise estimulada por inúmeras situações (e põe inúmeras nisso, a concentração séricas deste peptídeo pode variar até 1000% em poucos minutos), alguns fatores que estimulam a liberação de GH são:
Sono,
Hipoglicemia,
Exercício (maior em treinos intermitentes e intensos),
Refeições ricas em proteínas,
Estresse (dor, calor, ansiedade),
Outros agentes (serotonina, estrógenos, adrenalina, dopamina, glucagon, beta-bloqueadores, L-arginina...). A baixa concentração de GH na infância pode levar ao nanismo. Com o avanço da idade há notável redução deste hormônio, a qual pretende-se relacionar com dibilidades no tecido muscular, ósseo, articular e até mesmo nos órgãos (entre os 30 e 75 anos fígado, rins, cérebro e pâncreas atrofiam em média 30%). Já sua alta concentração pode levar a acromegalia e distúrbios cardíacos e metabólicos. A deficiência de GH é verificada em adultos se os resultados dos testes (indução de hipoglicemia com insulina ou infusão de arginina) forem menores que 5 ng/ml para adultos e 10 ng/ml em crianças. Em casos de deficiência, o tratamento em adultos geralmente é feito com doses variando de acordo com a resposta metabólica, mas que dificilmente excedem 1 mg por dia, podendo ser bem maiores em crianças e adolescentes. O uso do hormônio do crescimento começou em 1958, retirado diretamente de cérebros humanos, o que causou vários problemas de contaminação e desordens neurológicas fatais em alguns pacientes, levando a descontinuidade desta forma de tratamento. Somente em 1985 o problema foi resolvido, quando o hormônio do crescimento sintético se tornou disponível nos EUA, a evolução científica permitiu obter o GH através de uma recombinação do DNA humano, procurando produzir a seqüência ideal de aminoácidos, sendo mais seguro e obtido com relativa facilidade. No corpo, existe uma reação em cadeia envolvendo o hormônio do crescimento. Esta cascata se inicia no hipotálamo, quando o fator liberador é solto (GHRH - hormônio liberador de hormônio do crescimento), ele estimula a produção de hormônio do crescimento pela hipófise e sua secreção para a corrente sangüínea, levando a produção e liberação do fator de crescimento tipo insulina (IGF-1) no fígado, o IGF-1 promove a desenvolvimento de ossos e tecidos. Ao perceber o aumento na concentração deste hormônio há a sinalização para que a hipófise cesse a liberação de GH. Se o mecanismo de retroalimentação negativa não funcionar e a produção de GH (e conseqüentemente de IGF-1) se mantiver alta pode ocorrer crescimento patológico de ossos e órgãos, assim como levar a desequilíbrios no metabolismo de glicídios e lipídios. Os efeitos colaterais mais comuns do uso de GH são edemas, retenção hídrica, dores articulares e ósseas. Existem algumas hipóteses para explicar a atuação do hormônio do crescimento
Hipótese da somatomedina. O GH liberado pela hipófise chegaria ao fígado e tecidos periféricos, causando a liberação e produção dos IGFs. Neste caso o hormônio do crescimento parece ser um fator endócrino muito eficiente visto que em termos de quantidades séricas de IGF-1, aplicar GH mostrou-se cerca de 50 vezes mais eficiente que o próprio IGF-1 (SKOTTNER, 1987). O GH pode também aumentar a quantidade de receptores, prolongando a meia-vida do IGF-1.
Hipótese do duplo efeito. Segundo esta teoria, além de atuar indiretamente, o próprio GH atuaria diretamente nas células, como fator de crescimento (provavelmente devido à diferenciação das células precursoras) (GREEN, 1985). (na segunda parte do artigo serão mostradas e discutidas pesquisas relacionadas aos efeitos encontrados com o uso de GH em seres humanos. Não perca: GH - mitos e verdades!)


Referências bibliográficas:GREEN H., MORIKAWA M., NIXON T. A dual effector theory of growth hormone action. Differentiation 29:195, 1985
ISSNHP. Nutrição Esportiva Avançada. São Paulo Probiótica, 1995.
McARDLE, W.D. et al. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
MURRAY, R.K. et al. Harper: Bioquímica. São Paulo: Atheneu Editora, 1990.
SKOTTNER A, CLARK RG, ROBINSON IC, FRYKLUND L: Recombinant human insulin-like growth factor: Testing the Somatomedin hypothesis in hypophysectomized rats. J Endocrinol 112:123 1987


Estimuladores da liberação de hormônio do crescimento - secretagogues (arginina e ornitina)


Por que usar “estimuladores de GH”?A utilização de suplementos que aumentem a secreção natural de Hormônio do Crescimento foi iniciada há alguns anos e vem ganhando um número crescente de adeptos. No entanto, a única explicação para se utilizar estas substâncias é a desinformação.Já está cientificamente comprovado que não há relação de causa e efeito entre os níveis de GH e os ganhos de força e massa muscular (veja mais no artigo GH - mitos e verdades), além disso, o hormônio do crescimento é extremamente pulsátil e situações simples, como ficar em apnéia, já aumentam consideravelmente seus níveis. Ou seja, a promessa de estimular a liberação de GH, por si só não tem fundamento e não consiste em algo raro ou fisiologicamente significante. Resumindo, há dois motivos básicos para não gastar dinheiro com estimuladores de GH:1 – os níveis de GH não são fisiologicamente relacionados aos ganhos de força e massa muscular2 – há maneiras mais baratas e fáceis de se elevar os níveis de GHArginina e OrnitinaA teoria do uso de arginina como suplemento provavelmente se originou em um teste clínico comumente utilizado para analisar a resposta de GH, o qual induz um aumento significativo e reprodutível nos níveis deste hormônio através da infusão de arginina. A partir deste procedimento clínico, deu-se um salto gigantesco e se passou a afirmar que o uso oral de arginina promove efeitos anabólicos.Um dos estudos mais citados pelos vendedores de suplementos foi feito em 1982 por BESSET et al, onde se verificou que a administração de altas doses de aspartato de arginina por 5 dias resultou em um aumento significativo do pico de hormônio do crescimento durante o sono.Em um estudo anterior, ISIDORI et al (1981) haviam verificado que a ingestão concomitante de 1200 mg de arginina e 1200 mg de lisina promovia um aumento significativo nos níveis de GH em homens jovens, no entanto, para infelicidade dos vendedores de arginina, a ingestão da mesma quantidade de arginina isoladamente não produziu efeitos significativos.A única evidência encontrada a favor dos suplementos a base arginina e ornitina vem de um estudo de 1989, onde ELAM et al analisaram os efeitos da suplementação de arginina + ornitina (1 g/dia de cada) durante 5 semanas em homens participantes de um programa de treinamento de força e encontraram resultados favoráveis em termos de força e massa muscular durante a suplementação.Apesar de algumas referências positivas, o acúmulo de referências posteriores mostrou que a suplementação de arginina e ornitina era ineficiente e poderia até mesmo ter efeitos deletérios na liberação de GH, além de alguns efeitos colaterais.FOGELHOLM et al (1993) administraram, por quarto dias, um combinado de L-arginina, L-ornitina, e L-lisina (2 g/dia de cada) e analisaram os níveis de GH e insulina em levantadores de peso. Os resultados mostraram que os picos de GH e insulina eram similares com a ingestão dos suplementos ou placebo, concluindo que os aminoácidos não afetavam a variação fisiológica dos hormônios, questionando seu valor ergogênico. No mesmo ano, LAMBERT et al (1993) compararam a concentração sérica de GH em fisiculturistas durante quatro situações: 1) placebo; 2) 2,4 g arginina/lisina; 3) 1,85 g ornitina/tirosina e 4) 20 g de BovrilR. Os resultados mostram que as concentrações de GH não são alteradas por nenhum dos suplementos.Em 1994, WALBERG-RANKIN et al analisaram os efeitos de 10 dias de suplementação de arginina (0,1 g/ kg corporal) em pessoas submetidas a uma dieta hipocalórica e um programa de treinamento de força. De acordo com os resultados, o aminoácido não promoveu melhoras na composição corporal, balanço nitrogenado, resposta de GH ou força.Quanto à ornitina, os resultados não foram muito diferentes. Em um estudo de BUCCI et al (1990) foram testadas doses de 40, 100 e 170 mg/kg de ornitina em fisiculturistas e verificou-se que somente a dose mais alta (cerca de 14 gramas para uma pessoa de 82 quilos) produziu um aumento significativo na concentração de GH, ainda assim, a elevação foi menor que a encontrada durante o sono, levando os autores a questionarem a significância de um aumento tão pequeno e curto. Outro grave problema é que a ingestão de doses tão elevadas causou cólicas estomacais e diarréias em todos os indivíduos testados.GATER et al (1992) avaliaram e compararam os efeitos da suplementação de arginina/lisina (132 mg/kg de massa magra), Exceed (1 lata e meia) e placebo, na composição corporal, força e níveis de IGF-1 de jovens praticantes treinamento de força. Ao final de um período de 10 semanas, os autores não encontraram diferenças nos ganhos de força, massa muscular e níveis basais de IGF-1 entre o grupo que recebeu arginina/lisina e o grupo que recebeu placebo.Esses insucessos fizeram com que FREIDEL & MOORE (1992) fossem bem diretos ao afirmar que:“É questionável se aminoácidos em doses toleráveis podem promover uma resposta de hormônio do crescimento, e se o aumento no hormônio do crescimento será significativo em termos de estímulo de IGF-1 ou trará qualquer benefício na composição corporal ou efeito ergogênico em pessoas normais. A conclusão razoável tirada dos dados disponíveis é os que atletas não devem gastar dinheiro algum nesses suplementos”.É interessante ver que a ineficiência desses suplementos já foi comprovada há mais de 10 anos, mas ainda há propagandas insistindo no contrário. Mais recentemente, diversos estudos seguiram comprovando a ineficiência dos “secretagogues de GH”.SUMINSKI et al (1997) compararam 4 situações: 1) placebo + treinamento de força; 2) arginina e lisina (1.500 mg de cada) + treinamento de força; 3) placebo e; 4) arginina e lisina (1.500 mg de cada). Os resultados não mostraram diferenças nos níveis de GH após o treinamento de força realizado com ou sem a ingestão dos aminoácidos (situações 1 e 2), mas houve aumento nos níveis basais do hormônio após a ingestão de arginina e lisina em repouso (situações 3 e 4).Posteriormente, MARCELL et al (1999) mostraram resultados menos animadores ao usar a arginina isoladamente. Neste estudo, os autores investigaram o efeito da suplementação oral de arginina (5 gramas) em jovens e idosos, em repouso e durante treino de força. De acordo com os resultados, a suplementação de arginina não resultou em aumentos da concentração de GH em repouso e poderia, inclusive, prejudicar sua liberação durante o exercício resistido.Novamente, em 1999, houve uma posição oficial sobre o tema. Desta vez, WILLIAMS (1999) publicou um artigo intitulado “Fatos e falácias de supostos suplementos ergogênicos de aminoácidos” onde relata que os dados indicam que a suplementação de arginina, ornitina ou lisina, separadamente ou combinadas, não aumentam o efeito do exercício sobre o GH, força ou potência.No ano seguinte, WIDEMAN et al (2000) verificaram que a infusão de arginina não produziu melhoras na performance de um teste de 30 minutos. Apesar deste estudo mostrar que a infusão de arginina gera uma ligeira elevação de GH durante o exercício, não há nenhum estudo comprovando que isto ocorra com o uso oral dos aminoácidos.É comum se consumir arginina, lisina e ornitina antes dos treinos de força por acreditar que isso acentuaria a liberação de GH e, supostamente, aumentar os ganhos de força e massa muscular. No entanto, a quantidade de aminoácidos a ser ingerido para que se tenha tal efeito produzem dores de estômago e diarréia. De acordo com CHROMIAK & ANTONIO (2002) não há nenhum estudo cientifico adequadamente conduzido que mostre que a suplementação oral de aminoácidos antes de treino de força seja capaz de induzir a liberação de GH, assim como não há provas que tais suplementos promovam melhores resultados em termos de força e massa muscular. A dupla de autores concluíram sua revisão de forma clara, afirmando que “o uso de aminoácidos específicos para estimular a liberação de GH por atletas não é recomendado”.Considerações finaisÉ interessante ver como as empresas manipulam as informações e distorcem a ciência pra promover suplementos ineficientes e levar consumidores desavisados a gastar seu dinheiro inutilmente.No caso dos secretagogues de GH há diversos erros. Os erros já começam na proposta, pois é muito fácil elevar transitoriamente os níveis de GH em dezenas de vezes de forma natural (apesar dos suplementos não o conseguirem), além disso, as evidências atuais são bem claras ao afirmar que, mesmo o uso de GH exógeno, é ineficiente em promover ganhos de força e massa muscular (veja mais em GH - mitos e verdades). No entanto, ainda há quem venda (e quem compre) suplementos que prometem elevar as quantidades de hormônio do crescimento.Para completar a seqüência de erros, os suplementos nem ao menos mostram cumprir a promessa de elevar os níveis de hormônio do crescimento sem causar efeitos colaterais. Ou seja, falham ao não promover um aumento no GH e, mesmo que o conseguissem, isto não se reverteria em benefícios de força e massa muscular. Isto que dizer que: mesmo que estes suplementos “funcionassem”, eles “não funcionariam”.Referências bibliográficasBESSET A, BONARDET A, RONDOUIN G, DESCOMPS B, PASSOUANTE P. Increase in sleep related GH an Prl: secretion after chronic arginine aspartate administration in man. Endocrinol. Vol.99 pp:18-23, 1982.
BUCCI L, HICKISON JF, PIVARNIK JM, WOLLINSKY I, MACMAHON JC, TURNER SD. Ornithine ingestion and growth hormone release in bodybuilders. Nutr. Res. Vol.10 pp:239-245, 1990
CHROMIAK JA, ANTONIO J. Use of amino acids as growth hormone-releasing agents by athletes. Nutrition. Vol.18 n.7-8 pp:657-61, 2002.
ELAM RP, HARDIN DH, SUTTON RA, HAGEN L. Effects of arginine and ornithine on strength, lean body mass and urinary hydroxyproline in adult males. J Sports Med Phys Fitness. Vol.29 n.1 pp:52-6, 1989.
FOGELHOLM GM, NÄVERI HK, KIILAVUORI KTK, HÄRKÖNEN MHA. Low-dose amino acid supplementation : No effects on serum human growth hormone and insulin in male weight lifters. Int J Sport Nutr. Vol.3 n.3 pp:290-297, 1993
FREIDEL RJ & MOORE RJ. Ergogenic aids: clenbuterol, Ma Huang, caffeine, L-carnitine and growth hormone releasers. NSCA Journal Vol.14 n.4 pp:35-44, 1992
GATER DR, GATER DA, URIBE JM, BUNT JC. Impact of nutritional supplements and resistance training on body composition, strength and IGF-1. J Appl Sports Sci Res. Vol.6 n.2 pp:66-76, 1992.
ISIDORI A, LO MONACO A, CAPPA M. A study of growth hormone release in man after oral administration of amino acids. Cuur. Med. Res. Opin. Vol.7 pp:475-481, 1981
LAMBERT IL, HEFER JA, MILLAR RP, MACFARLANE PW. Failure of commercial oral amino acid supplements to increase serum growth hormone concentrations in male body-builders. Int J Sport Nutr. Vol.3 n.3 pp:298-305, 1993
MARCELL TJ, TAAFFE DR, HAWKINS SA, TARPENNING KM, PYKA G, KOHLMEIER L, WISWELL RA, MARCUS R. Oral arginine does not stimulate basal or augment exercise-induced GH secretion in either young or old adults. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. Vol.54 n.8 pp:M395-9, 1999.
SUMINSKI RR, ROBERTSON RJ, GOSS FL, ARSLANIAN S, KANG J, DASILVA S, UTTER AC, METZ KF. Acute effect of amino acid ingestion and resistance exercise on plasma growth hormone concentration in young men. Int J Sport Nutr. Vol.7 n.1 pp:48-60, 1997.
WALBERG-RANIKIN J, HAWKINS CE, FILD DS, SEBOLT DR. The effect of oral arginine during energy restriction in male weight trainers. J Strength and Cond Res. Vol.8 n.3 pp:170-177, 1994.
WIDEMAN, LAURIE, JUDY Y. WELTMAN, JAMES T. PATRIE, CYRIL Y. BOWERS, NIKI SHAH, SHANNON STORY, JOHANNES D. VELDHUIS, AND ARTHUR WELTMAN. Synergy of L-arginine and GHRP-2 stimulation of growth hormone in men and women: modulation by exercise. Am J Physiol Regulatory Integrative Comp Physiol Vol.279 pp:R1467–R1477, 2000.
WILLIAMS MH. Facts and fallacies of purported ergogenic amino acid supplements. Clin Sports Med. Vol.18 n.3 pp:633-49, 1999.



Prof. Paulo Gentil


Para pesquisador, pênalti só é loteria para quem não treina

Um dos momentos mais tensos do futebol é, com certeza, a cobrança de pênaltis, principalmente as que decidem títulos. Para muitos, errar um pênalti é imperdoável. Mas o que leva um atleta a errar uma penalidade? Cansaço? Nervosismo?

Um estudo sobre os efeitos da fadiga e do estresse nas cobranças das penalidades máximas do futebol, os pênaltis, realizados no Laboratório de Fisiologia do Comportamento, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, apontam que a falta de treino seria um dos motivos para os erros. O Laboratório, que é ligado ao NEC - Programa de Neurociâncias e Comportamento do Instituto de Psicologia da USP, é coordenado pelo professor Ronald Ranvaud e a pesquisa na área de “Técnicas Psicofísicas aplicadas ao Esporte” tem o apoio da doutoranda Martina Navarro.A pesquisa consistiu numa simulação feita em computadores em que os “batedores” eram os estudantes de graduação da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, dos cursos de Educação Física e Esporte. Na simulação, três círculos representavam o goleiro, a bola e o batedor alinhados como na vida real. O círculo que representava o batedor ia em direção à bola e, no instante em que um se sobrepusesse ao outro, cabia ao atacante a tarefa de escolher o lado em que a bola iria (direito ou esquerdo, não era permitido chutar no meio do gol).O goleiro se movimentava aleatoriamente para a direita ou para a esquerda e o instante em que ele “saltava” variava entre 51 milisegundos (ms) a 459ms antes que batedor e bola se sobrepunham. Eram ao todo nove tempos diferentes crescendo em progressão aritmética, ou seja, 51ms, 102ms,153ms, até os 459ms. A décima possibilidade diferente era o goleiro não se mexer, esse modo foi inserido para que o batedor não atrasasse a cobrança esperando o goleiro.Os testes feitos inicialmente, com os estudantes descansados e isolados, mostraram que com 459ms de diferença entre o salto do goleiro e o momento do chute, o índice de acerto chegava ao patamar dos 100%.Foi então realizada uma competição entre os alunos dos dois cursos, com a presença de torcida. "Nessas condições o desempenho dos voluntários na situação em que em laboratório era 100%, saturou em 80%, ou seja, em 20% das vezes, mesmo o tempo sendo suficiente para a cobrança (459ms), ele errava do mesmo jeito”, descreve Martina. O índice nas simulações se aproxima muito do real uma vez que cerca de ¼ dos pênaltis são perdidos.No teste da fadiga, em que anilhas eram colocadas nas alavancas para dificultar o movimento, simulando o cansaço, o índice de erro foi praticamente o mesmo.Treino X Loteria
Após uma série de treinos, com os estudantes já com bastante prática na simulação, mesmo em condições adversas de estresse ou cansaço o índice voltou a se aproximar dos 100%, o que, para o professor Ranvaud, mostra que o treino é necessário para a diminuição dos erros. “As pessoas têm esse preconceito que pênalti é loteria”, divergindo de boa parte dos comentaristas e atletas que consideram o êxito na cobrança uma questão de sorte.Ele ainda diz que quanto mais o atleta acredita que pênalti é loteria e não treina, maiores são as chances dele errar: Ranvaud acredita que a pressão aumenta sobre o jogador pois, em tese, ele é responsável por algo que não tem controle total e acrescenta: “quanto menos você treina, mais de fato é uma loteria. Quanto mais você se convence que é uma loteria, mais você está estressado porque não depende de você o êxito.”Ainda é possível diminuir também os efeitos da fadiga na cobrança de penalidades, diz Ranvaud. Ele defende os treinos de cobranças com os atletas já cansados: “Pois ainda é possível, mesmo fadigado encontrar uma estratégia para acertar o gol”.Mas e o mérito do goleiro? Para o pesquisador a situação ideal seria que o atleta treinando nessas condições adversas, conseguisse “colocar a bola naquele cantinho em que o goleiro não tem como chegar”.Fadiga X Estresse
Para o pesquisador a torcida consegue compreender muito melhor um erro causado pela fadiga do que pelo estresse. Seria uma questão muito mais mecânica, uma situação pela qual todas as pessoas já passaram e sentiram de alguma forma seus efeitos. Por outro lado, o atleta estar estressado, desequilibrado psicologicamente “é muito mais difícil de perdoar”. “Olha quanto que o cara ganha!”, brinca o professor.Sobre pressão e responsabilidade Ranvaud conta de seu encontro com Marcelo Lippi, treinador da Itália campeã do mundo em 2006, nos pênaltis. O professor descobriu que Lippi não havia feito nada de diferente para a Itália vencer o trauma de ter perdido mais de uma decisão em disputa de penalidades, a mais famosa na Copa de 1994. Para o técnico italiano “é impossível treinar pênalti.”Ele faz a mesma pergunta que fez para o técnico diante da resposta: “o que é mais difícil acertar o gol ou pousar um caça num porta aviões com o mar agitado?”. Ele mesmo responde: “Pousar o caça é muito mais complicado, porém, o piloto que vai pousar o caça treina, e treina muito.”

Texto: Rodrigo Martins


Utilizando o limiar de lactato no treino de atletas de longa duração

POWERS e colaboradores (2000) cita que quando realizamos uma atividade física e aumentamos a intensidade do exercício ( velocidade da corrida, por exemplo), os níveis sangüíneos de ácido láctico começam a se elevar de forma exponencial. Quando um pesquisador colhe uma amostra de sangue de um indivíduo que está se exercitando, a concentração de ácido láctico na amostra é a diferença entre a quantidade de ácido láctico que entra no sangue e a taxa de remoção de ácido láctico do sangue. Em qualquer momento durante o exercício, alguns músculos estão produzindo ácido láctico e liberando-o no sangue, enquanto alguns tecidos ( fígado, músculos esqueléticos, coração, etc.) o estão removendo. Por conseguinte, a concentração de ácido láctico no sangue em determinado momento pode ser expressa matematicamente da seguinte maneira: POWERS e colaboradores ( 2000)
CONCENTRAÇÃO ENTRADA DE REMOÇÃO DE
SANGÜÍNEA DE = ÁCIDO LÁCTICO - ÁCIDO LÁCTICO
ÁCIDO LÁCTICO NO SANGUE DO SANGUE
O ponto onde ocorre um aumento considerável de ácido láctico no sangue é chamado limiar de lactato ou limiar anaeróbio para alguns pesquisadores. Isso quer dizer que, a partir desse ponto começa a ocorrer o desequilíbrio entre produção e remoção do lactato ( a velocidade com que o lactato é produzido no metabolismo é maior do que a velocidade de remoção do mesmo). Muitos profissionais da área da Educação Física, utilizam testes para identificar o limiar de lactato, com o objetivo mensurar a capacidade aeróbia de atletas como: nadadores, ciclistas, corredores e triatletas, com o objetivo de identificar uma intensidade ideal de treinamento e competição sem queda de rendimento.
BILLAT (1996) demonstra que a mensuração do lactato sangüíneo pode ser usado por técnicos para a predição da performance durante o exercício. Ainda cita que o limiar anaeróbio ( ou limiar de lactato) define a intensidade do exercício, velocidade, e fração do consumo máximo de O2 ( capacidade aeróbia), concentração fixa de lactato ( 4mmol/l) e a máxima fase estável do lactato. Essas palavras podem estar parecendo estranhas mas vamos detalhar melhor:
Quando falamos em fração máxima do consumo de oxigênio significa que um atleta pode Ter seu limiar de lactato a 70% do VO2 máx e um outro atleta tem seu limiar a 80% do VO2 máx.
Muitos pesquisadores consideram a concentração fixa de 4 mmol/l a intensidade máxima de treinamento ou competição onde há predominância do metabolismo aeróbio como fonte de energia para uma determinada atividade aeróbia sendo que, uma intensidade acima dessa (maior que 4 mmol/l), começa a Ter o predomínio do metabolismo anaeróbio como fonte de energia ocasionando um aumento significativo da concentração de lactato, podendo chegar a valores onde torna-se impossível de se continuar a atividade ( processo denominado de acidose metabólica).
STEGMANN e colaboradores. (1981), elucidaram que o limiar anaeróbico anteriormente era considerado um valor fixo de 4 mmol/l de lactato, não respeitando uma cinética individual da concentração de lactato sangüíneo, pois, em seu estudo, foi encontrada uma variação individual muito grande da máxima fase estável do lactato, variando de 1,5 a 7,0 mmol/l, onde propuseram um protocolo para identificar o limiar de lactato de forma individualizada e, este protocolo recebeu o nome de limiar individual de lactato, sua sigla em inglês é IAT ( individual anaerobic threshold). Com o passar dos anos este protocolo sofreu várias modificações mas, sempre com o objetivo de identificar o limiar de lactato de forma individualizada.
Existe em grande quantidade na literatura, muitas afirmações de que o limiar individual de lactato, seria a máxima intensidade de exercício sem perda de rendimento que pode ser sustentada por até 50 minutos.
Mas de que forma podemos utilizar esses testes para identificar o limiar individual de lactato em provas de longa duração como a maratona onde o tempo de prova pode variar de 2 horas e alguns minutos até 5 horas dependendo do nível do atleta; e as provas de triathlon que varia de 1 hora ( short triathlon), até mais de 13 horas como o IRON MAN por exemplo?
Com uma variedade de técnicas utilizadas para se determinar o limiar anaeróbio, muita cautela tem de ser tomada durante a interpretação dos resultados que com os diferentes protocolos pode-se chegar a uma variedade de respostas durante os testes. Mais ainda, é essencial analisar a importância das respostas individuais em cada exercício. CHRISTOPHER e colaboradores (1993)


Bibliografia
BILLAT V. Use of Blood Lactate Measurements for Prediction of Exercise Performance and for Control of Training. Recommendations for Long-Distance Running. Sports Medicine, v.22, p.157-175, 1996.
CHRISTOPHER, E. R., LOAT, RHODES, E. R. Relationship Between the Lactate and Ventilatory Thresholds During Prolonged Exercise. Sports Medicine, v. 15, n° 2, p. 104-115, 1993.
POWERS, SCOTT K. & HOWLEY, EDWARD T. Fisiologia do Exercício: Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. 3ª edição, Manole, São Paulo, 2000.
STEGMANN, H., KINDERMANN, W., SCHNABEL, A . Lactate Kinetics and individual anaerobic threshold. International Journal Sports Medicine, v:2, p.160-165, 1981.


Texto: Prof. Ms. Fabiano Peres



Repetições até a fadiga muscular

Muitas pessoas já me perguntaram como devemos fazer as séries de exercícios com pesos, principalmente se devemos fazer uma série de um determinado exercício até a fadiga muscular. Recentemente, um aluno meu do curso de Educação Física fez a mesma pergunta: “Professor, devemos fazer séries até a fadiga, principalmente quando visamos a hipertrofia muscular?”
Eu respondi que não, não devemos realizar séries até a fadiga muscular. Mas porque eu defendo essa idéia?
Quando realizamos testes de carga (seja o teste de 1 RM, ou o teste de repetições máximas) nós usamos esses valores para prescrever uma programação/periodização de treinamento, não é? E através dessa programação nós conseguimos controlar o treinamento de nossos alunos ou atletas. A palavra chave da minha defesa é essa – CONTROLE DO TREINAMENTO!!!!
Quando o praticante está fazendo uma sessão de treinamento, e naquele dia está sendo pedido que ele realize 2 séries de 8 repetições a 90% , significa que (pelo menos é o que deveria acontecer) está programado a partir de testes realizados anteriormente, não é? Por que quando dizemos para fazer uma sessão a 90% significa que sabemos quanto é 100%, e só conseguimos saber esse percentual porque realizamos baterias de testes (creio eu....).
E se você realizar séries sempre até a fadiga, você nunca sabe quantas repetições será possível de ser completada!!! E a melhor forma de saber se você está errando ou acertando é quantificando seu treinamento através do número de séries e repetições.
Exemplo:
Um atleta realizou duas semanas de treinamento, onde só interromperia uma determinada série de treinamento quando da sensação de fadiga muscular. Mas você pode estar se perguntando agora: - Mas qual é o problema de adotar essa estratégia como forma de treinamento?
Eu respondo baseado em dois aspectos muito importantes:
1 - Quando você realiza séries até a fadiga muscular (ou exaustão muscular – não estamos agora querendo discutir se o termo mais correto é fadiga ou exaustão muscular, vamos deixar essa discussão para uma próxima oportunidade), quer dizer que para se chegar a esse ponto, com certeza você executou algumas repetições sem nenhum primor técnico e mais ainda, para conseguir as últimas repetições até a exaustão muscular, com certeza, foram recrutadas fibras musculares de uma forma que normalmente não são recrutadas, e isso desencadeia outros dois fatores:
Podendo levar a lesão;
Não está sendo recrutado o grupo muscular específico para a realização daquele movimento devido às altas cargas aplicadas, fazendo com que grupo em questão não seja recrutado da forma como deveria ser. Lembre-se disso: aumentar o trabalho em um determinado grupo muscular, não precisa necessariamente aumentar demasiadamente a carga de treinamento!!
2 - Finalizando, quando não se controla a carga de treinamento, fica difícil periodizar o mesmo, fazendo com que seja cada vez mais complexo a organização e planificação do treinamento ao longo de vários meses, anos de treinamento.
Pense nisso e bons treinos!!


Texto: Prof. Ms. Fabiano Peres
Mestre em Educação Física pela UNIMEP.
Especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP.
Graduado em Educação Física pela UNESP.
Professor e coordenador do curso de Educação Física da Universidade São Francisco (USF) - campus de Bragança Paulista.
Membro do American College of Sports Medicine


A dimensão estratégica do futsal

Tese de doutorado serve de guia pedagógico às pessoas que ensinam o esporte no Brasil
Manhã de domingo, 19 de outubro de 2008. Na quadra do Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, as seleções de Brasil e Espanha disputam a final do Mundial de Futsal, competição organizada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Depois de um jogo dificílimo, que terminou empatado em 2 a 2, o time brasileiro finalmente superou o adversário nos pênaltis (4 a 3) e conquistou o inédito hexacampeonato da modalidade. O resultado, que reflete a popularidade e tradição do esporte no país, não traduz, no entanto, o nível de conhecimento dos treinadores nacionais so­bre os aspectos estratégicos e táticos envolvidos no jogo. “De modo geral, apenas uma casta de técnicos possui conhecimento aprofundado sobre es­ses elementos”, afirma o professor Wilton Carlos de Santana, que acaba de defender tese de doutorado acerca do tema na Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, sob orientação da professora Heloisa Reis.
A motivação para o desenvolvimento da pesquisa, conforme Wilton Santana, era aferir como um personagem de destaque pensa o jogo, visto que o futsal é considerado um esporte que exige inteligência e capacidade para tomar decisões rápidas. Inicialmente, ele cogitou analisar essa dimensão junto aos jogadores. Posteriormente, acabou optando pelos treinadores. “Se o sucesso dos atletas depende do conhecimento e da maneira como eles resolvem os problemas em quadra, imaginei que seria importante investigar como as pessoas responsáveis pelos treinamentos e pela concepção de jogo, que são os técnicos, municiam esses jogadores”, explica.
O passo seguinte foi definir uma amostra para a aplicação de um questionário que permitisse descortinar a visão dos entrevistados. O pesquisador escolheu, assim, os treinadores que foram campeões da Liga Nacional de Futsal, principal competição da modalidade no país, criada em 1996. Ao todo, foram ouvidos cinco profissionais. Para entrevistá-los, Wilton Santana elaborou um roteiro com questões relativas às três fases do jogo, a saber: ataque, defesa e as transições entre uma e outra. O objetivo era descobrir quais os comportamentos táticos que os treinadores consideram mais eficazes de se empregar nos distintos momentos da partida. Além disso, procurou delinear a inclinação metodológica dos técnicos, ou seja, como eles costumam desenvolver/treinar aquelas atitudes.
Para interpretar os dados da pesquisa qualitativa, o autor da tese lançou mão de um instrumento denominado Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), desenvolvido originalmente pelo professor Fernando Levèfre, da USP, para ser empregado em temas ligados à área da saúde. Dito de maneira simplificada, o DSC é uma técnica que permite ao pesquisador, a partir do agrupamento de expressões-chave de sentido semelhante, construir discursos-síntese como se uma coletividade estivesse falando. “Assim, depois de identificada a idéia central do sujeito 1 e do sujeito 4, é possível compor um discurso único, ou seja, como se ele tivesse sido formulado por uma e não por duas pessoas”, exemplifica Wilton Santana.
Ao analisar os depoimentos dos entrevistados, o professor constatou que existiam comportamentos táticos específicos desejados para cada fase do jogo e uma unidade de pensamento em torno da importância da autonomia dos jogadores para a tomada de decisões. “Em outros termos, os técnicos em questão valorizavam a inteligência como um atributo indispensável. Como o futsal é um jogo de muita rotatividade e transição, disputado num espaço compartilhado, no qual todos podem interagir sobre a bola, eles destacaram a necessidade de contar com jogadores capazes de decidir, de criar e de improvisar”, afirma o autor da tese. Para apurar se a teoria dos treinadores estava representada na prática, uma das perguntas do questionário abordava aspectos vinculados à metodologia do treinamento.
Wilton Santana quis saber se os treinadores procuravam desenvolver, durante as atividades preparatórias para as partidas, os comportamentos por eles destacados. “Para minha felicidade, constatei que sim. De modo geral, os técnicos ouvidos costumam realizar treinamentos que procuram desenvolver ou estimular a criatividade e a inteligência dos atletas, ou seja, atividades de elevada demanda cognitiva. Um dos objetivos centrais é preparar o jogador para que ele supere problemas. Ou seja, se tem jogo, há sempre uma questão a ser resolvida”, detalha. Um exemplo dessa preparação é a repetição de situações que permitam ao time recuperar a bola e ir ao ataque em posição de vantagem em relação à defesa adversária ou, ao contrário, preparar a defesa para que, mesmo em desvantagem, possa se recuperar durante a jogada.
A expectativa de Wilton Santana é que seu estudo sirva de orientação às pessoas que ensinam futsal no país, pois se trata de um guia pedagógico. De acordo com ele, a grande maioria delas não tem o mesmo conhecimento dos treinadores entrevistados na tese. “De maneira geral, os jovens técnicos e até mesmo alguns profissionais com alguns anos de carreira têm lacunas quando se trata do âmbito estratégico-tático. Penso que o meu trabalho só terá valia se chegar até essas pessoas. Eu fui treinador no começo da minha carreira e sempre desejei saber o que os mais experientes pensavam”, afirma.
Para exemplificar o grau de desconhecimento de treinadores acerca dessa dimensão, Wilton Santana cita uma pesquisa liderada pelo professor Pablo Juan Greco, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizada há cerca de dez anos, por ocasião da disputa dos Jogos da Juventude, voltados a garotos e garotas na faixa etária dos 15 aos 17 anos. Na ocasião, foram ouvidos 159 atletas e 17 técnicos sobre temas relacionados à dimensão estratégico-tática do jogo. “Naquela oportunidade, apurou-se que o nível de conhecimento tático das pessoas responsáveis pela orientação dos jogadores, que são os indivíduos que interessam mais diretamente ao meu estudo, não se mostrou superior ao de seus comandados. Infelizmente, verifico nos cursos que tenho dado em diferentes partes do país que esse dado ainda é bastante atual”.
Em razão de o futsal ser um esporte extremamente popular e com grande potencial educacional, considera o autor da tese, é importante que treinadores e professores saibam mais sobre questões estratégico-táticas, pa­ra que possam orientar corretamente seus atletas e alunos. “Aliás, seria im­portante que os jornalistas também compreendessem melhor esses aspectos. No último Mundial da categoria, vencido pelo Brasil, eu ouvi repórteres, narradores e comentaristas cometendo diversos equívocos em suas informações e análises. Assim como eles, as pessoas tendem a analisar o futsal a partir do futebol. Ocorre, porém, que são esportes distintos”, sustenta.
Origem
Se o futsal não deve ser comparado ao futebol, conforme afirma Wilton Santana, ele também não deve ser confundido com o futebol de salão. “São modalidades diferentes”, explica o professor, autor de uma tese de doutorado que revelou a visão de treinadores brasileiros sobre a dimensão estratégico-tática do futsal. De acordo com o pesquisador, há ainda a crença social de que o futsal é a continuidade do futebol de salão, o que é um equívoco. O futsal é um esporte novo, que surgiu no final da década de 1980, mais precisamente em 1989, quando a Fifa alterou em seus estatutos o que era compreendido por futebol em dimensões reduzidas para futsal. Já naquele ano, a entidade promoveu sua 1ª Copa do Mundo, na Holanda.
O futebol de salão, por seu turno, é um esporte criado na década de 1930, no Uruguai (para uma corrente) ou no Brasil (para outra corrente). Desde a década de 1970, a modalidade está sob a tutela da Federação Internacional de Futebol de Salão (Fifusa). “Portanto, seria absolutamente correto afirmar que o futebol de salão inspirou o futsal, mas absolutamente errôneo afirmar que são o mesmo esporte. Para ficar bem claro, nas escolas brasileiras joga-se futsal. A mídia cobre eventos de futsal. Nas universidades, ensina-se futsal. A Seleção Brasileira, que há pouco encantou a todos com um título mundial, é de futsal”, esclarece. A fim de socializar conteúdos específicos sobre o esporte, o professor Wilton Santana mantém na web, há cinco anos, o sítio (www.pedagogiadofutsal.com.br), segundo ele um dos dez mais visitados do gênero em língua portuguesa.


Professor, o que tenho que fazer para crescer?

Prof. Ms. Fabiano Peres

Muitos praticantes de musculação e estudantes de Educação Física (é claro, não são todos!) fazem esse tipo de pergunta logo quando iniciam um programa de treinamento com pesos e continuam com essa “dúvida” por muito tempo. Quantas perguntas como essa, você praticante de exercícios com pesos já não fez ou escutou? Eu já cansei de ouvir esse tipo de pergunta........
E sei também o que muitos querem escutar: ah! Esse suplemento é muito bom, ou aquele é melhor, e daí por diante. É claro que em alguns casos, o uso de suplementos se faz necessário, mas como o próprio nome já diz, é um recurso suplementar ao treinamento. Fico pensando o seguinte: nós estudamos fisiologia do exercício, anatomia, bioquímica, treinamento desportivo, biomecânica, a própria musculação, e parece que tudo isso acaba sendo o “suplemento” dentro de um programa de treinamento.

Dá-se muita importância aos suplementos (não estou dizendo que não se deve usar, mas esse recurso não é e nunca será o fator determinante dentro do treinamento). Então o que é o mais importante? Eu respondo para meus alunos e quem me escreve pedindo sugestões: O PRÓPRIO TREINAMENTO!! Abaixo, estaremos, mostrando algumas dicas, e se essas forem bem trabalhadas, você terá sucesso no seu treinamento, pois, é o treinamento que irá proporcionar estímulos ao organismo e consequentemente respostas (resultado do treinamento). A base de toda resposta está respaldada no tripé:1. treinamento;2. alimentação;3. descanso.
Se algum desses três itens estiver inadequado, com certeza seu treinamento está indo rumo ao fracasso. Então, se alimente bem, saiba treinar e não esqueça do principal: SAIBA DESCANSAR! O descanso é muito importante para se chegar aos resultados pretendidos. Essa é uma dica legal, principalmente se você anda meio cansado com a carga de treinamento, dê um tempo para seu corpo, e ele agradecerá te dando ótimos resultados após alguns dias de descanso, e fique despreocupado, que você não irá destreinar, pois se está realmente cansado, essa pequena pausa lhe trará bons frutos posteriormente.Muitos devem estar pensando: “mas se já treinei de todas as maneiras, e não consigo melhorar, o que devo fazer?”Antes de mais nada, saiba que não existe um método de treinamento melhor do que outro, temos que adequar os métodos de treinamento de acordo com o nosso período de treino e com nossos objetivos!! Essa é mais uma dica.
Devemos levar em consideração vários fatores como: tempo de intervalo, tempo de execução, percentual de carga, velocidade de execução do movimento, posição inicial, posição final, estratégias de suplementação (estão vendo como não sou contra a suplementação?) variação da carga ao longo das semanas, meses e anos de treinamento (método ondulatório de treinamento). Você já fez todas as alterações dentro do programa de treinamento? OUTRA DICA!!Um detalhe importante que muitos esquecem de fazer avaliações periódicas da performance. Calma, vou explicar....Nós sabemos que o intervalo entre uma avaliação física e outra não deve passar de 3 meses. E quando vamos avaliar, ficamos somente preocupados com o perímetro de perna, o quanto de gordura que diminuiu, se a estética melhorou...MAIS UMA DICA: Quando avaliamos, e esperamos muito tempo (mais de 3 meses) para realizar um novo teste e através deste montar um novo programa de treino, sabe o que pode acontecer? Caso a carga estipulada em testes anteriores fosse quantificada de forma inadequada, o atleta poderá estar treinando muito acima ou abaixo da capacidade dele. Por isso se faz necessário a realização de testes com períodos curtos entre eles. Com isso, o risco do atleta sofrer um destreinamento (se a carga estipulada estiver muito baixa) ou sofrer um excesso de treino / overtreinamento (se a carga estipulada estiver muito alta). Ok?Se fizermos isso, e algo estiver realmente errado, temos tempo de “concertar” o treino antes que o mesmo nos leve a fadiga, lesões ou ao destreinamento. Concluindo, na musculação não é interessante elaborar programas de treino muito longo, bem diferente de outras modalidades esportivas.BONS TREINOS!!

Alongamento e faixa ‘japonesa’ aliviam dores de gestantes, demonstra pesquisa

A utilização de uma faixa-suporte e a adoção de exercícios de alongamentos podem aliviar as dores nas costas causadas pela lombalgia, motivo de queixa de grande parte das gestantes. A faixa-suporte, uma antiga tradição da cultura japonesa, foi testada em 17 grávidas que realizaram pré-natal nos Centros de Saúde do Jardim Santa Mônica, do distrito de Barão Geraldo e do bairro Village. Já os exercícios de alongamento tiveram 16 voluntárias dos mesmos locais.
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“Os dois grupos de grávidas relataram o alívio da dor após o início dos testes. Isto significa que ambos os métodos poderiam ser recomendados para quem está sofrendo com o incômodo na gestação”, destaca a autora da pesquisa, Flávia Silva Novaes, que foi orientada pela professora Antonieta Keiko Kakuda Shimo.
Flávia é educadora física e apresentou dissertação de mestrado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Seu objetivo ao propor as duas alternativas para o alívio das dores nas costas foi contemplar um público que não pode ingerir medicações em razão do estado em que se encontra. Além disso, estimativas apontam que 50% das gestantes sofrem com lombalgia. O problema pode resultar, inclusive, na perda das capacidades funcionais. “O aumento do peso da barriga já consiste em um problema para a grávida realizar suas atividades domésticas. Com dor, este quadro fica ainda pior”, argumenta.
Após a aplicação dos testes por três semanas, no último trimestre de gestação, Flávia utilizou escalas de dor, numérica e de carinhas para avaliar a evolução do quadro e saber em que medida os métodos foram eficientes, para traçar um perfil de cada voluntária. Pelo relato, na maioria das gestantes – cerca de 80% –, a dor lombar teve início entre o quarto e sexto mês de gravidez. A maioria também apontou que a dor era diária, principalmente nos períodos vespertino e noturno. Segundo os relatos, as grávidas sentiam “queimação”, incômodo e pontadas.
A seqüência de exercícios de alongamento foi elaborada pela própria pesquisadora, fundamentada na literatura e na vivência profissional de atividades físicas para gestantes. Eles foram aplicados durante 30 minutos, três vezes por semana. Já no caso da faixa-suporte, o uso foi diário. Ela foi colocada entre o quadril e a parte mais baixa do abdômen. A faixa pode ser confeccionada com tecido de algodão, com seis metros de comprimento e 30 centímetros de largura. De fácil colocação, a gestante pode ajustá-la de forma a ficar mais confortável. “Seu custo é baixo e ela pode ser confeccionada pela própria grávida. Até por isso, resolvi realizar os testes em pacientes de Centro de Saúde, por acreditar ser uma opção para as freqüentadoras”, esclarece a educadora física.

Texto: Raquel do Carmos Santos

Joelho: Lesões, principais formas de tratamento e prevenção


Prof. Bruno Fischer

O joelho é uma das maiores articulações do corpo humano e também uma das que mais sofre lesões. Essa articulação é formada pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia, patela, ligamentos, meniscos e tendões de músculos que o cruzam. O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto (entorse), além de ser lesionado principalmente pelo excesso de uso ou uso inadequado (regiões condrais e tendíneas são as mais acometidas).
Nos Estados Unidos e Canadá mais de 4 milhões de pessoas necessitam, anualmente, de tratamento médico para as patologias do joelho. As lesões no joelho são muito comuns no meio esportivo. Atletas das modalidades que possuem corridas e/ou saltos, geralmente se queixam de dores em algum estágio de suas vidas competitivas, muitas vezes tendo que abandonar o esporte. Os atletas recreativos ou mesmo praticantes de academias, também são acometidos a estas lesões. Praticamente todas as estruturas do joelho podem ser lesionadas, neste texto daremos enfoque às lesões mais comuns: Lesões ligamentares (distensões), tendinite patelar, condromalácia patelar e lesões dos meniscos.
Lesões ligamentares
Existem quatro grandes ligamentos no joelho: Ligamento Cruzado Anterior (LCA), Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Ligamento Colateral Medial (LCM) e Ligamento Colateral Lateral (LCL). Dentre os quais a maior incidência de lesões ocorre no LCA e no LCM. O joelho é estável em extensão, passível de rotação axial (quando flexionado), fazendo com que essa articulação seja menos estável na flexão. Quanto às lesões, o estiramento dos ligamentos é uma das mais comuns nos tecidos moles do joelho, podendo ser classificado como:
1º Grau - Leve estiramento, com pequena tumefação e sem perda da estabilidade. Neste caso o ligamento permanece íntegro e após o trauma o indivíduo consegue andar. A dor acontece somente no movimento e, em alguns casos, ao toque.
2º Grau - Estiramento de cerca de 50% das fibras, presença de sinais flogísticos, com grande dificuldade de movimentos, sendo a estabilidade preservada na maioria dos casos.
3º Grau - Estiramento de cerca de 75% das fibras, com presença de hematoma acentuado e perda da estabilidade, com diástese de 10mm.
4º Grau - Ruptura ligamentar total ou avulsão, com rompimento da cápsula e possível ruptura meniscal que consiste em uma lesão grave.
Distensão do ligamento cruzado anterior (LCA)
A ruptura isolada do LCA pode acontecer, porém geralmente, é mais comum que esse ligamento seja danificado junto com outros ligamentos e/ou cornos posteriores de menisco. O mecanismo básico da lesão do LCA envolve a hiperextensão do joelho, como por exemplo, um golpe direto na parte frontal do fêmur com o pé fixo no chão. O LCA também se distende em atividades que exigem mudanças rápidas de direção como no futebol, handebol e basquete (momento da “finta” ou em freadas rápidas, arrancadas) e em esportes de salto quando não acontece uma aterrissagem firme. Durante a reabilitação deve-se evitar alongamentos agressivos dos isquiotibiais e os exercícios devem ser executados inicialmente com os joelhos ligeiramente flexionados.
Os exercícios de cadeia cinética fechada são mais indicados. O fortalecimento dos isquiotibias é de suma importância, uma vez que eles ajudam na estabilização do joelho. Atualmente a reabilitação desse tipo de lesão tem sido feita utilizando o agachamento como principal exercício, pois durante sua execução não existe forças tensionais significativas no LCA. Isso se deve em parte pela moderada ativação dos isquiotibiais que ajudam a aliviar a tensão no LCA devido ao mecanismo de co-contração (ESCAMILLA, 2001).
O interessante é que à medida que aumenta-se o ângulo de flexão de joelhos aumenta-se a contração dos isquiotibiais, fazendo com que o agachamento profundo possa ser utilizado em estágios mais avançados de recuperação. A frouxidão ligamentar do LCA lesionado pode ser controlado em exercício de cadeia cinética fechada (ECCF) mas, não em exercício de cadeia cinética aberta (ECCA) (KVIST & GILLQUIST, 2001). Durante o agachamento a maior compressão no LCA acorre nos ângulos menores que 50 graus (TOUTOUNGI et al, 2000).
Distensão do ligamento colateral medial (LCM)
Uma das lesões mais comuns no esporte. Geralmente é resultante de uma força externa direcionada ao aspecto lateral do joelho, ou seja, ocorre muitas vezes por trauma na face lateral (externa), sendo relacionada a esportes como o futebol, judô, karatê, etc. O tratamento consiste em fortalecer todos os músculos que cruzam a articulação dos joelhos (quadríceps, isquiotibiais, adutores e abdutores) isso após a interrupção do quadro álgico.
Distensão do ligamento cruzado posterior (LCP)
Distensões nesse ligamento são pouco comuns no meio esportivo e geralmente outras estruturas são afetadas. A hiperextensão do joelho é o mecanismo mais comum dessa lesão, geralmente é ocasionado por trauma direto na região anterior da parte superior da coxa. No tratamento deve-se focalizar o quadríceps, uma vez que esse músculo fortalecido tende a deslocar anteriormente a tíbia, revertendo assim o sinal de gaveta posterior. A força dos músculos posteriores da coxa deve ser estabelecida espontaneamente sem exercícios específicos.
É importante o alongamento dos isquiotibiais, mas sempre tendo os devidos cuidados para não hiperextender o joelho lesionado. O fortalecimento do quadríceps deve ser priorizado com exercícios de cadeia cinética aberta (ex: cadeira extensora), mas em fases posteriores da reabilitação os exercícios de cadeia cinética fechada como agachamentos podem ser introduzidos, porém deve-se ter cuidado com a angulação, pois à medida que aumenta-se o ângulo de flexão, aumenta-se à tensão neste ligamento, sendo seguro trabalhar em ângulos menores que 50 / 60º (ESCAMILLA, 2001).
Tendinite patelar (“joelho do saltador”)
A dor na região infrapatelar é mais comum nesse tipo de lesão, porém outros fatores podem ocasiona-la:
Lesões da patela, como osteocondrite;
Patela com fratura de esforço ou polo inferior alongado e proeminente;
Hipertrofia do corpo adiposo infrapatelar;
Bursite ou doença de Osgood-schlatter.
A tendinite patelar está associada com mais freqüência a atividades repetitivas, ela foi primeiramente descrita em atletas de salto em altura (daí o nome de joelho do saltador) mas é quase igualmente edêmica em jogadores de basquete e vôlei. Além de atividades que envolvam saltos, atividades de corrida também costumam exacerbar esse quadro. A dor da tendinite patelar normalmente é de fácil localização, e acomete geralmente o polo inferior da patela, ou mais raro, sua borda superior. No tratamento o primeiro passo é a diminuição dos sintomas, e isso deve ser feito interrompendo as atividades que causem dor.
Tratamento com gelo, medicamentos, antiinflamatórios e exercícios isométricos do quadríceps são iniciados imediatamente e continuados até que os sintomas desapareçam. Deve-se fortalecer e alongar o quadríceps e os alongamentos deve ser feito pelo menos 4 vezes por dia, ao acordar, antes e depois das atividades físicas e antes de dormir. Durante o alongamento recomenda-se um mínimo de 20 segundos de manutenção da posição por 2 ou 3 séries. Os exercícios isotônicos e com mais cargas podem ser realizados assim que os sintomas de dor tiverem cessado e não causarem dor durante a execução.
Condromalácia patelar (“joelho do corredor”)
A condromalácia patelar é uma lesão da cartilagem patelar devido a degeneração prematura com amolecimento, fibrilação e aspereza dessa estrutura, nas quais, são semelhantes às relacionadas com a osteoartrite. A condromalácia pode ocorrer devido a trauma direto com conseqüente dano condral, ou resulta de qualquer condição que interfira com os movimentos patelofemorais normais, tais como variações anatômicas anormais. Essas variações podem ser causadas pelo aumento do ângulo Q, patela alta, insuficiência do vasto medial, oblíquo e desequilíbrio articulares. Esta lesão é mais comum em mulheres (devido principalmente ao aumento do ângulo Q) e ocorre prioritariamente em atividades como balé, corridas, ciclismo, voleibol, etc.
A dor é descrita como profunda e localizada na região retropatelar e pode ser sentida ao subir e descer escadas, em atividades prolongadas, após ficar muito tempo com os joelhos flexionados e ao agachar-se para pegar um objeto no chão. Em movimentos de flexão dos joelhos a dor é acompanhado de crepitação retropatelar facilmente audível ou sentida com a mão por cima da patela. O principal sinal para um diagnóstico consiste em mover a superfície da patela contra o fêmur. O tratamento é conservador, muito parecido com o utilizado no procedimento da tendinite. Estimular o repouso evitando atividades que provoquem a dor patelar, como correr, saltar, andar em salto alto e exercícios que promovam a flexão do joelho (ex: ciclismo e subir escadas).
A base do tratamento é constituída de exercícios que fortaleçam o quadríceps, principalmente o vasto medial oblíquo. Apesar de ser necessário o fortalecimento prioritário do VMO (vasto medial oblíquo), dificilmente essa musculatura pode ser isolada e fortalecida individualmente. Um estudo conduzido por MIRZABEIGI et al, em 1999 comparou a ativação do vasto medial oblíquo com o vasto lateral, vasto intermédio e reto femoral em 9 exercícios diferentes, os pesquisadores demonstraram não haver diferenças significativas entre os músculos concluindo então que o VMO não pode ser isolado durante os exercícios.
É recomendado que se realize exercícios isométricos para o quadríceps, pois não exacerbam a dor, fortalecem e envolvem movimento mínimo da patela. Já os exercícios de flexão de joelhos, tais como agachamento são indicados, mas implicam em uma sobrecarga muito grande sobre a articulação patelofemoral e resultam em exarcebação dos sintomas (CORRIGAN & MAITLAND, 2000). Apesar da tensão patelofemoral aumentar concomitante à flexão do joelho no agachamento, devemos ter em mente que o agachamento profundo mesmo realizado com poucas repetições e muita carga é menos deletério que atividades cíclicas de longa duração, pois na verdade o maior problema da condromalácia está no alto volume dos treinos. Outro fator importante neste tipo de lesão é o fortalecimento e alongamento dos isquiotibiais, flexores do quadril e abdutores.
Lesões de meniscos
Cada um dos compartimentos laterais e mediais do joelho contém um menisco fibrocartilagíneo em forma de meia-lua e de consistência amolecida. Os meniscos ajudam a aumentar a congruência articular, estabiliza a articulação, absorve choques e limita movimentos anormais, além de ajudar na nutrição articular e na lubrificação da cartilagem. Os atletas de final de semana são os principais candidatos às lesões dos meniscos devido ao condicionamento físico inadequado. A cartilagem pode sofrer ruptura na direção horizontal ou longitudinal, sendo esta última mais comum. Quando a lesão é grande suficiente atingindo longitudinalmente desde o corno anterior até o posterior é denominada “alça de balde” e o fragmento interno pode deslocar-se e assim produzir um bloqueio articular.
Em pacientes com ampla ruptura de meniscos deve ser realizada a meniscectomia, mas quando ocorrida na inserção vascular periférica, o menisco pode ser recuperado. Geralmente o tratamento visa aumentar a força do quadríceps, dos flexores e abdutores do quadril e deve ser combinado com exercícios para alongar os isquiotibiais e panturrilhas. Existem especulações quanto à sobrecarga causada pelo agachamento a estas estruturas.
Estudos demonstram que o pico de força compressiva no agachamento profundo varia de 550 a 7928N, mas nenhum estudo consegue demonstrar o quanto às estruturas articulares e meniscos podem suportar (ESCAMILLA, 2001). A partir de observações empíricas podemos avaliar que provavelmente os meniscos suportam bem mais que isso, basta observarmos que os jogadores de voleibol (ou outros esportes de salto) dificilmente tem lesões nos meniscos mesmo tendo forças (durante os treinamentos / competições) compressivas atuando nessas estruturas bem acima das encontradas no agachamento profundo.
Terapia com frio e calor como forma de tratamento e prevenção de Lesões
Atualmente as terapias com frio e calor tem sido muito difundidas na reabilitação de lesões, sem contar que, e a terapia com frio ainda pode ser utilizada na prevenção.
Crioterapia (aplicação de gelo):
Crioterapia (crio = gelo, terapia = tratamento) é o nome que se dá ao tratamento à base de gelo, usado há muitos anos como agente terapêutico. Sua principal aplicação está no tratamento imediato de lesões no esporte, na qual serve para resfriar os tecidos profundos pela vasoconstrição, reduzindo assim as hemorragias. Atualmente a crioterapia tem sido utilizada como meio preventivo para lesões, sendo comumente usada pelos principais clubes e atletas competitivos. A somação do estresse nos tendões e estruturas articulares pode promover uma deficiência nutricional nessas regiões com conseqüente isquemia local, e a aplicação de gelo nessas regiões promove uma hipotermia, reduzindo assim os níveis metabólicos e evitando reações de hipoxia secundária, que com certeza levaria a dor e incapacidade funcional.
A hipotermia causada pelo resfriamento articular também favorece a agregação molecular de líquido sinovial aumentando assim a sua viscosidade, na qual é um dos fatores determinantes na proteção da cartilagem articular. Os principais efeitos fisiológicos da crioterapia são: Anestesia, redução da dor, redução do espasmo muscular, estimula o relaxamento, redução do metabolismo local, redução da inflamação, redução da circulação com posterior estimulação, redução do edema e quebra do ciclo dor-espasmo-dor.
Dicas para o uso do gelo:
1- Uso imediato nas contusões - reduz o edema e alivia a dor. 2- Aplicar gelo em qualquer traumatismo ou contusão. Ex: Lesões musculares (contraturas, distensões), lesões articulares (entorses, lesões nos ligamentos), tendinites, hematomas, etc. 3- É recomendado que a aplicação dure no máximo 30min, sendo que na maioria das regiões 20 min já são o suficiente. 4- Nas primeiras 24 horas das lesões mais importantes use gelo por meia hora a cada duas horas. LAING, DALLEY E KIRK (1973) relataram que uma aplicação de gelo durante 20 minutos teve um efeito de até duas horas no esfriamento de músculos profundos. 5- Evite pegar no sono enquanto aplica gelo.
Contra-indicações:
O gelo não deve ser usado em caso de redução do suprimento sanguíneo (ex: Doença vascular periférica), também é contra indicado no caso de artrite pois, aumenta a rigidez articular.
Termoterapia (aplicação de calor):
O calor terapêutico tem efeito trófico, promovendo a vasodilatação das arteríolas e capilares melhorando o metabolismo da nutrição dos tecidos, liviando a dor e aumentando a flexibilidade dos tecidos músculo-tendíneos, além de diminuir a rigidez da articulação, melhorar os espasmos musculares e aumentando a velocidade e volume circulatório do sangue. Geralmente a terapia com calor é utilizada em lesões crônicas, ao contrário do frio que é utilizado em lesões agudas.
Contra-indicações:
Não aquecer regiões do corpo que estiverem anestesiadas, edemaciadas, inflamadas, feridas com sangramento, áreas com tumores, sobre os testículos, e sobre o abdômen de gestantes.
Estalos
A articulação pode apresentar estalidos como de vácuo que, geralmente, não tem nenhum significado e são comuns em articulações com hipermobilidade. Estalidos podem ser ouvidos e sentidos em torno das articulações, conforme tendões ou ligamentos deslizam sobre proeminência óssea, mas geralmente ele não tem significado clínico. No caso de dor, os estalidos pode indicar lesão no menisco.
Considerações Importantes
Durante o agachamento o estresse na articulação patelofemoral aumenta quando o ângulo de flexão aumenta (WALLACE et al, 2002).
As forças compressivas são maiores no agachamento realizado com as pernas mais afastas (afastamento esse de 2 x a largura da espinha ilíaca) do que com as pernas mais próximas (pés da largura da espinha ilíaca).
O agachamento deve ser feito de forma lenta e controlada na fase excêntrica, uma vez que esse movimento de descida feito de forma rápida e descontrolada aumenta muito as forças nas estruturas do joelho (ESCAMILLA, 2001).
O pico de força e o estresse na articulação patelofemoral foi observada com 90 graus de flexão do joelho (WALLACE et al, 2002).
O agachamento é considerado mais efetivo do que o leg press para o desenvolvimento muscular, porém deve ser usado cautelosamente em indivíduos com disfunções do LCP e patelofemoral, especialmente em ângulos acentuados de flexão (ESCAMILLA et al, 2001).
A maior ativação dos músculos da coxa acontece no agachamento (KVIST & GILLQUIST, 2001).
O vasto medial oblíquo não pode ser isolado de forma significativa durante os exercícios. (MIRZABEIGI et al, 1999). Um estudo feito por Escamilla e seus companheiros em 1998 no Instituto Americano de Medicina esportiva chegaram as seguintes conclusões:
O agachamento gera 2 vezes mais atividade dos isquiotibiais do que o leg press e a cadeira extensora.
A maior atividade do quadríceps acontece na máxima flexão dos joelhos em ECCF e na máxima extensão em ECCA.
ECCA produziu maior ativação do reto femoral enquanto o ECCF produz maior ativação dos vastos.
As forças compressivas tibiofemorais foram maiores na máxima flexão dos joelhos em ECCF e na máxima extensão em ECCA.
As compressões patelofemorais foram maiores na máxima flexão dos joelhos em ECCF e na máxima flexão e na metade da extensão em ECCA.
Conclusões
A maioria das lesões pode ser evitada apenas utilizando medidas preventivas.
Uma musculatura forte e com boa flexibilidade ajudam na estabilização dos joelhos e outras estruturas em geral. - Aplicação de gelo nas articulações é mais utilizada após a sessão de treino.
A crioterapia é uma medida preventiva de grande valia e tem sido indicada por grandes treinadores e profissionais de saúde.
A partir do entendimento dos conteúdos listados acima, podemos sugerir que a utilização de exercícios de cadeia cinética fechada são os mais indicados, principalmente o agachamento.
Além de ter uma maior ativação muscular, ele também é um exercício extremamente funcional pois, utilizamos movimentos parecidos a todo instante, por exemplo no momento de pegar um objeto no chão. Infelizmente esse excelente exercício não é bem visto por muitos “profissionais”, mas isso se deve ao fato de estarem desatualizados ou mesmo não terem domínio dos princípios que norteiam o treinamento desportivo. Com um treinamento bem elaborado, utilizando devidamente a recuperação e principalmente uma boa técnica de execução, o agachamento pode favorecer indivíduos saudáveis ou mesmo com joelhos lesionados.

Referências Bibliográficas
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YACK HJ, COLLINS CE, WHIELDON TJ Comparison of closed and open kinetic chain exercise in the anterior cruciate ligament-deficient knee. Am J Sports Med. 1993 Jan-Feb;21(1):49-54

Atletismo na escola: é possível?


RESUMOO Atletismo pode ser considerado o esporte-base, por sua capacidade de testar todas as características básicas do homem em três tipos de provas: individuais que são as corridas, os saltos e os lançamentos e pelo desenvolvimento dessas habilidades serem essencialmente necessárias para a prática de outras modalidades esportivas. O objetivo deste estudo foi analisar como acontece à prática do desporto atletismo nas escolas da rede municipal de ensino de Ipatinga-MG bem como, discutir soluções para a melhor desenvoltura deste desporto nas aulas de educação física dessas escolas. A amostra foi composta por 19 (dezenove) professores de Educação Física, representantes de 19 escolas selecionadas entre as 37 que compõem a rede municipal de ensino da cidade de Ipatinga-MG que responderam a um questionário que permitiu detectar: a) o interesse do professor pelo Atletismo; b) se trabalham com atletismo e suas justificativas; c) se tem contato com cartilha de atividades para atletismo e d) Os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do Atletismo em suas aulas. Como resultado verificou-se que 13(treze) professores (68,4%) são espectadores desse desporto; Os que trabalham o Atletismo são 10 (dez) professores (52,7%) e 9 (nove) professores (47,3%) não trabalham em suas aulas; 7(sete) professores (36%), responderam que é necessários um maior conhecimento deste esporte e a falta de material próprio foi o fator que dificulta esta prática para 26,4% (N=5); 52,7% (N=10) dos professores responderam que um material teórico próprio pode auxiliar no desenvolvimento do atletismo em suas aulas; todos foram unânimes em afirmar que o atletismo deve fazer parte do planejamento anual. É essencial que as escolas da rede municipal de ensino de Ipatinga-MG busquem alternativas para que seus professores trabalhem com o desporto atletismo em suas aulas, sempre focado em torná-las muito mais diversificadas respeitando a faixa etária e o nível motor de cada uma, para atingirem muitos mais objetivos com seus alunos.Palavras Chave – Atletismo – Educação Física Escolar – Iniciação EsportivaABSTRACTAthletics can be considered the sport-base, for its capacity of testing all the basic characteristics of man in three types of tests: individual that are the races, jumps and launchings and also the development these abilities is really necessary to the practice of other sports modalities. The objective of this study was to analyze how is the athletics being practical in the public school in Ipatinga city, and also to argue solutions to develop better their sport in physical education classes of these schools. The sample was composed for 19 (nineteen) teachers of physical education, representatives of 19 schools selected between the 37 of the municipal net of education of the city of Ipatinga-MG that had answered a questionnaire that allowed to detect: a) The interest of the teacher for the Athletics; b) The ones that work with athletics and its justifications; c) If it has contact with athletics manual and d) the factors that can to contribute for the development of the Athletics in the classes of Physical Education. As result was verified that 13 (thirteen) teachers (68,4%) are spectators of this sport; The ones that works the Athletics are 10 (ten) teachers (52,7%) and 9 (nine) teachers (47,3%) do not work in its classes; 7 (seven) teachers (36,0%), they had answered that a bigger knowledge of this sport is necessary and the lack of proper material was the factor that makes it difficult this practical for 26,4% (N=5); 52,7% (N=10) of the teachers had answered that a proper theoretical material can assist in the development of the athletics in its classes; all had been unanimous in affirming that the athletics must be part of the annual planning. It is essential that public school in Ipatinga city search new alternatives, so the teachers would work better with athletics sport in their classes, always keeping the focus in becoming its more interesting and respecting the age level and the ritm of each one, to reach many objectives with the pupils.Key Words - Athletics - Schoolar Physical Education - Sports Initiation IntroduçãoO atletismo pode ser considerado como um dos esportes mais praticados do mundo, pois a começar por uma simples corrida, visto como a prática esportiva mais adotada na atualidade, e indo até um lindo salto com vara, várias modalidades esportivas compõem o atletismo.Para o Museu dos Esportes (S. D.), seu início se cruza com o aparecimento do homem primitivo observando sua prática de atividades para sobrevivência que, de forma natural, executava movimentos nas atividades de caça e em sua defesa própria. Atividades como saltar, correr, lançar, que eram desenvolvidas e hoje estão relacionadas com as diversas provas de uma competição de atletismo.O autor ainda cita que o Atletismo pode ser considerado o esporte-base, por sua capacidade de testar todas as características básicas do homem em três tipos de provas, individuais como as corridas, os saltos e os lançamentos que são provenientes de atividades naturais e fundamentais do homem desde seus primórdios. Assim, se reafirma como “esporte base” devido ao fato de o desenvolvimento dessas habilidades serem essencialmente necessárias para a prática de outras modalidades esportivas. Iniciação Esportiva na Educação Física EscolarDe acordo com Kirsch et al (1984), a Educação Física escolar deve oferecer meios para alcançar as formas esportivas mais variadas de acordo com as possibilidades de nossos alunos.Na fase de iniciação, o ideal é oferecer um grande número de oportunidades para o desenvolvimento de habilidades motoras variadas, pois se proporcionarmos ao aluno iniciante, experiências motoras em corridas, equilíbrio, lançamentos, saltos, etc., estaremos munindo-os com qualidades motoras que poderão ser utilizadas em todos os desportos coletivos. E como as crianças aprendem melhor com práticas concretas, as atividades a serem desenvolvidas para a vivencia de habilidades, devem ser de forma lúdica com ou sem bola, tais como piques com mudanças de direção, com formação de grupos; brincadeiras de correr, saltar, lançar e brincadeiras que combinem esses fundamentos (FERREIRA, 2001).A iniciação ao atletismo - visto como um conjunto de habilidades específicas - constitui a primeira fase do processo ensino-aprendizagem para o caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, utilizadas no atletismo convencional. Representa a passagem destas atividades básicas do estágio de padrões gerais para os de forma grossa para os respectivos padrões no atletismo (KIRSCH et al, 1984). O Atletismo na Educação Física EscolarA escola, de acordo com Pinto (1992), deve optar por um "pré-atletismo", em que, numa primeira fase, faz-se através dos gestos motores básicos; e numa segunda fase, mantêm-se os da primeira, avançando-se para as tarefas que exigem uma maior codificação dos gestos motores básicos, aproximando progressivamente a criança do Atletismo.Para Bragada (2000), grande parte das escolas, em especial de rede pública, não possui sequer espaço para a prática de esportes como o atletismo. É interessante também notar que as modalidades esportivas de maior prestígio nacional são coletivas e têm como material principal à bola. Essa, como instrumento de comunicação entre várias pessoas, coloca a concepção do atletismo como esporte em “xeque” na cabeça do aluno iniciante. Tal concepção talvez ajude a explicar a sentença bem brasileira: "atletismo não tem bola!" (ORO, 1984).Se for perguntado a escolares brasileiros o que acham do Atletismo, provavelmente, a opinião mais comum será a de ser um esporte "sem graça", tanto de se praticar quanto de se assistir; correr, saltar e lançar, entretanto, como habilidades físicas de base, estão presentes em quase todas as modalidades esportivas. Como ato motor natural, significa uma função da natureza humana. Por isso, em si, os movimentos atléticos não são desinteressantes. O que pode torná-los assim é a sua interpretação e sistematização didática (MEZZAROBA et al 2006).Segundo Oro (1984) “a iniciação do atletismo constitui a primeira fase do processo ensino-aprendizagem para as formas esportivas de caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, utilizadas no atletismo convencional” e Bragada (2000), afirma que o atletismo na Escola deve proporcionar vivências e experiências iniciais que são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades motoras em crianças e jovens.Hoje em dia, o grande número de modalidades esportivas “oferecidas” às crianças e jovens na Educação Física contribui para dificuldade de se aprimorar as técnicas abordadas. Os professores de Educação Física encontram dificuldades em trabalhar com uma repetição das habilidades desenvolvidas nas aulas; o que mostra a necessidade de ajustar seus programas para um melhor aproveitamento.De acordo com Bragada (2000), a disciplina de Atletismo, no contexto escolar, pode ser fundamental, devido a suas capacidades e habilidades servirem de base para outras modalidades desportivas. O lançar uma bola leve confunde-se com um passe ou um arremesso do Handebol; o correr “bem” é fundamental em quase todas as modalidades que necessitam de locomoção. A ligação da corrida-impulsão para o salto em altura solicita ações semelhantes à preparação do ataque no voleibol.Na escola não é necessário trabalhar o atletismo apenas como um esporte de rendimento. As atividades de atletismo não devem ser elaboradas diferente da realidade social e valores dos alunos (LIMÃO et al 2004). O Coletivo de Autores (1992) sugere a utilização de jogos baseados no atletismo que “promovam o reconhecimento de si mesmo e das próprias possibilidades de ação”. Assim, o atletismo deverá ser adaptado ao meio, ao número de alunos, aos materiais disponíveis ao mesmo tempo em que oferece oportunidades concretas de vivência no esporte. Logo, é válido que o atletismo seja trabalhado na Educação Física em suas aulas, mas considerando e respeitando a faixa etária de cada um ( KOCH, 1984).Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar como acontece à prática do desporto atletismo nas escolas da rede municipal de ensino de Ipatinga-MG bem como, discutir soluções para a melhor desenvoltura desse desporto nas aulas de educação física dessas escolas.MetodologiaA amostra foi constituída por 19 (dezenove) professores de educação física, sendo 8(oito) do sexo masculino e 11(onze) feminino, representantes de 19 escolas selecionadas entre as 37 (escolas) que compõem a rede municipal de ensino da cidade de Ipatinga-MG, por possuírem as séries finais do ensino fundamental (5ª a 8ª série).A escolha dos professores da amostra foi feita analisando os seguintes critérios: a) Ser formado na área de educação física; b) Trabalhar com Educação Física nas séries finais ensino fundamental (5ª a 8ª série).O tempo de profissão dos professores da amostra está apresentado na tabela 1.
Foi enviado à Secretaria Municipal de Educação de Ipatinga, uma carta referência constando à apresentação dos pesquisadores, o objetivo da pesquisa, o pedido de autorização para realizar a entrevista, bem como o questionário a ser aplicado. O questionário foi entregue aos participantes e recolhidos na data definida pelos entrevistadores. As questões permitiram detectar aspectos como: a) O interesse do professor pelo Atletismo; b) os professores que trabalham com atletismo e suas justificativas; c) se tem contato com cartilha de atividades para atletismo e d) se fatores, segundo eles, que podem contribuir para o desenvolvimento do Atletismo nas aulas de Educação Física. Após a realização da entrevista, os dados coletados foram agrupados em tabelas e analisados por estatística descritiva com base na literatura apropriada, a fim de justificar os resultados encontrados.Resultados e DiscussãoNa tabela 2, é apresentado o envolvimento dos entrevistados com o atletismo, do qual verificou-se que 13(treze) professores (68,4%) são espectadores desse desporto. Entendem-se como espectadores todos aqueles que acompanham a modalidade, conhece seu funcionamento, suas regras e suas competições.

No questionamento sobre o fato de trabalharem ou não o atletismo durante suas aulas, 10 (dez) professores (52,7%) responderam que sim considerando que o atletismo está presente em outros desportos. Os dados são apresentados na Tabela 3.

Esses professores (N=10), afirmaram que trabalham com o atletismo em suas aulas quando trabalham com outras modalidades que possuem elementos de corridas e saltos. O que se espera é que esses professores trabalhem com o atletismo em sua forma específica para daí ele ser base para os outros desportos e não o contrário. Além disso, o atletismo, de acordo com Schmolinsky (1982), auxilia e dá oportunidade para jovens em idade escolar de desenvolverem qualidades como coragem, decisão, força de vontade, perseverança, autodisciplina, lealdade e prontidão; e Sant (1993), completa mencionando que na escola, ele proporciona diversão, convívio por meio do competir, emoções e excitações além de habilidades esportivas.Percebeu-se ainda na tabela 3, que uma grande proporção de professores (47,3% - N=9) não trabalham com atletismo em suas aulas mesmo sendo espectadores do atletismo, conhecendo e estando bem próximo como 68,4%(Tabela 2) da amostra afirmou ser. Para isso Mezzaroba et al (2006) justifica que mesmo conhecendo e sabendo da importância e necessidade da aplicação da modalidade do Atletismo no âmbito escolar, os professores se acomodam em abordar esse conteúdo em suas aulas e colocam várias dificuldades para seu desenvolvimento. Com base nesta afirmação, foi perguntado aos professores sobre a maior dificuldade para se trabalhar com atletismo nas escolas. O resultado está na Tabela 4.
Analisando as respostas dos professores em relação às dificuldades para o Atletismo na Escola foi possível notar que a maioria dos entrevistados (36% - N=7), respondeu que é necessário um maior conhecimento desse esporte por parte dos professores, considerando que conhecimento aqui está relacionado com a maneira de ensinar, de adaptar, de facilitar o atletismo para um melhor desenvolvimento dentro da escola. A maioria dos professores de educação física, em geral considera a disciplina Atletismo na Faculdade como fundamental embasamento pedagógico para se trabalhar o atletismo na escola (BRAGADA, 2000), o que como acadêmicos desse curso, sabemos como ninguém que somente a disciplina do curso não é o suficiente para se levar para a escola; é preciso um maior envolvimento e busca por alternativas para se fundamentar. Essa dificuldade pode ser amenizada com pesquisas em sites de federações, pesquisas em bibliotecas, principalmente a da própria faculdade; basta um pouco mais de dedicação e interesse desses professores. As aulas de educação física são o primeiro contato de muitos jovens com algum esporte, e se lá for ensinado de maneira errada ou desmotivante, poderá resultar em um abandono daquele desporto pelo aluno fora da escola.Outra justificativa que foi bem apontada foi a falta de material prático próprio (26,4% - N=5); mas esse problema pode ser resolvido com a improvisação de materiais como bolas confeccionadas com meias e serragem; bastões de cabo de vassoura para corridas de revezamento, pneus pendurados como alvo para lançamento, entre outros de acordo com a criatividade do professor, afirma Kirsch et al (1984).Segundo Galvão (2002), é de muita importância o interesse e a pesquisa dos professores como forma de otimizar os conhecimentos do que se propõe a trabalhar considerando que o embasamento teórico pode influenciar positivamente ou negativamente na transmissão de conteúdos, o que pode justificar também, os 52,7% (N=10) dos professores que responderam que um dos principais fatores que podem auxiliar no desenvolvimento do Atletismo nas aulas de educação física é a necessidade de um material teórico próprio como meio de auxiliar seu planejamento. O resultado desta variável aparece na Tabela 5.
Pôde-se notar uma grande vontade dos professores em trabalhar o atletismo em suas aulas, mas sentem a falta de um material teórico específico, como livros, vídeos, cartilhas de atividades para orientá-los no ensino desse desporto, já que apenas 2 (dois) entre os professores entrevistados têm conhecimento de algum material desta natureza e mesmo sendo 17 (dezessete) que não têm conhecimento, todos afirmaram que se tivessem contato, utilizariam essas atividades em suas aulas.É essencial que o professor busque sempre sua fundamentação, pois de acordo com André (2004) o professor que tem um embasamento teórico, ou que busca reunir informações sobre um determinado assunto e analisá-las, tem como principal objetivo aumentar o conhecimento sobre aquele assunto ou até mesmo descobrir algo novo que vai lhe auxiliar na solução de problemas e ampliar sua visão acerca do esporte que pretende trabalhar em suas aulas. Esses professores, sendo em sua maioria espectadores, conhecedores do desporto não podem se conformar com essas dificuldades e devem estar sempre buscando em revistas, livros e o que for preciso para alcançar seu objetivo com o atletismo.“A Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tem como tema, formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal” (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Em concordância com esta afirmação, todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que o atletismo deve fazer parte do planejamento anual; o que indica que eles também concordam com Darido (2000) e o Coletivo de Autores (1992) que afirmam que o atletismo permite desenvolver capacidades físicas como resistência, força, flexibilidade, velocidade e impulsão. Além de estimular o raciocínio, a percepção e a agilidade e que no ambiente escolar ele pode se organizar e ainda buscar diferentes objetivos com sua prática; o que necessita é uma introdução deste desporto no planejamento do professor a fim de alcançar toda a importância que o atletismo teve ter na formação do aluno em todos os aspectos.ConclusãoO professor e a escola devem estar empenhados em oferecer uma grande variedade de movimentos e ações para seus alunos para que a Educação Física realmente seja uma prática de cultura corporal e para ser de grande importância na formação pessoal física e até psicológica de seus praticantes. E um trabalho dessa natureza pode contribuir para que este desejo se torne realidade.Mesmo não tendo nenhuma “receita de bolo”, um material teórico de apoio pode ser de grande ajuda para o desenvolvimento do atletismo nas escolas, onde os professores possam se fundamentar e firmar seus objetivos com o desporto citado.Esse material poderá ser a alavanca fundamental que o atletismo precisa para ser mais aproveitado nas aulas e mostrar como é simples seu desenvolvimento por contar com várias maneiras de se adaptar ao contexto e a faixa etária dos alunos. É essencial que as escolas da rede municipal de ensino de Ipatinga, juntamente com seus professores de Educação Física, busquem alternativas para trabalharem com o desporto atletismo em suas aulas sempre focado em torná-las mais diversificadas respeitando a faixa etária e o nível motor de cada uma, para atingirem mais objetivos com seus alunos.Para isso, recomenda-se aos professores que procurem mais alternativas para se fundamentarem como consultas a bibliotecas, internet, até mesmo em clubes que trabalhem com atletismo; aos pesquisadores, que sejam realizados estudos futuros baseados em propostas de diversas associações de atletismo, que são jogos e brincadeiras para o atletismo com o objetivo de buscar soluções para a prática desse desporto nas escolas, bem como elaboração de cartilhas de atividades específicas para o ambiente escolar que sejam de fácil acesso para auxiliar esses professores a incluírem essa prática esportiva em seu planejamento e desenvolvê-la em suas aulas mesmo em locais não específicos e materiais adaptados. Referências BibliográficasANDRÉ, Marli. Pesquisa, formação e prática docente. In: O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas, SP: Papirus, 2004.BRAGADA, José. O Atletismo na Escola: Proposta programática para abordagem dos lançamentos “leves”. Horizonte - Revista de Educação Física e Desporto, vol XVII, nº 99, Jun-Jul 2000.COLETIVO DE AUTORES, Metodologia do Ensino de Educação Física . 9ª ed. São Paulo: Cortez, 1992 (Coleção magistério. 2º grau. Série formação do professor).DARIDO, Suraya. Olimpíadas na Escola. Revista Nova Escola. Edição Agosto de 2000 disponível em http://novaescola.abril.uol.com.br/ed/134_ago00/html/repcapa3.htm. Acesso em 14 set. 2006.FERREIRA, Henrique Barcelos. Iniciação esportiva: uma abordagem pedagógica sobre o processo de ensino-aprendizagem no basquetebol. Campinas,2001 Artigo Eletrônico Disponível em http://www.databasket.com/artigoscientificos/henriqueunicamp.asp acesso em 05 set. 2006.GALVÃO, Zenaide. 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Classificação de atividades Recreativas

O objetivo da classificação das atividades recreativas além da padronização, é evidenciar a funcionabilidade dessas atividades dentro de uma programação ou de um programa de lazer e recreação.
Para escolhermos uma determinada atividade para fazer parte da nossa programação, é necessário que saibamos suas características e classificações. De acordo com os objetivos aos quais nos propomos alcançar, escolhemos uma determinada atividade recreativa.Enaltecemos o valor e a importância da leitura e da pesquisa como fonte de aquisição de conhecimento. O que fazemos aqui é uma compilação de dados, extraídas de boas literaturas, mas não expressamos seu conteúdo na íntegra. Por isso insisto, BUSQUEM NOS LIVROS AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS E COMPLETAS!
Vejamos o que alguns como alguns autores classificam as atividades recreativas:
Segundo Ferreira, Vanja. Educação Física - Recreação, Jogos e Desportos; 2003Classifica as atividades em:Grandes jogos - grande números de participantes. Difícil se ser dominado.Pequenos jogos - extrai dos participantes características individuais como: velocidade, destreza, força.Revezamento ou Estafetas - constitui-se pelo revezamento dos participantes para a realização de tarefas. É uma atividade em grupo que preza pelas potencialidades individuais. Indicado para a infância. Jogos combinados (exigem mais de uma aptidão física), correr, saltar, giros.Aquáticos - jogos realizados dentro da água, com excelente valor terapêutico por diminuir o impacto causado pelo solo.Jogos sensoriais - utilizam os sentidos (tato, visão, audição, etc). esses jogos desenvolvem o pensamento, diminui a tensão.Jogos Sociais de Mesa - jogos que são realizados na mesa, com caráter educativo, sem estimular os jogos de azar.
Segundo Caillois, R. Los juegos y los Hombres. México, 1994Analisando as habilidades e interesses, classifica os jogos em:Alea - Jogos de azar;Agon - Competição;Mimicry - Imitação;Ilinix - Vertigem;Se algum tiver uma organização mais complexa - LudosMais informal - Paidia
Segundo Veríssimo de Melo. Folclore Infantil, 1981Jogos de Seleção - utilizada para a separação de equipes e/ou participantes (par ou ímpar, palitinho);Jogos Gráficos - realizado em cima de algum desenho ou traçado (amarelinha, xadrez);Jogos de Competição - disputa física entre os participantes (pegas, cabo de guerra);Jogos de Salão - motricidade fina em locais restritos e/ou fechados (baralho, quebra - cabeça);Jogos com Música - com ritmo (catinga de roda, karaokê);
Segundo Mian, Robson. Monitor de Recreação: Formação Profissional, 2003Classifica dos jogos em:Pequenos - regras fáceis e em menor quantidade, menor nº de participantes e locais restritos;Médios - com regras pré - estabelecidas, em locais maiores como quadras ou piscina;Grandes - com regras pré - estabelecidas e complexas, em maior quantidade e em locais grandes e abertos, com maior nº de participantes.
Segundo Guerra, Marlene. Recreação e Lazer. 1988Quanto a Forma de Participação: Recreação Ativa e Recreação Passiva.
Ativa:Atividades Motoras - Exigência maior do físico. Ex. Jogos Infantis e Esportes em Geral;Atividades Intelectuais - A mente é mais utilizada. Ex. Xadrez e Quebra-cabeça;Atividades Artísticas ou Criadoras - Ex. pintura, desenho, carpintaria, escultura, teatro, música, etc.Atividades de Risco - Ex. àquela na qual o praticante coloca à prova sua integridade. Ex. pára-quedismo, mergulho profundo, vôo livre etc.
Passiva:Atividades Sensoriais - Tem uma participação interativa com a atividade. Ex. Torcida no estádio - grita, balança os braços, salta participando emotiva e fisicamente.Atividades Transcendentais - Confunde-se com o Ócio pela participação de espectador. Ex. Ver pinturas no museu, contemplar o pôr-do-sol, relaxamento tranqüilizante.
Quanto à Faixa Etária as Recreações podem ser:Adulta - para maiores de 18 anos;Infanto-juvenil - para crianças de 8 a 12 anos;Juvenil - para Jovens acima de 12 anos;Infantil - para crianças até os 7 anos;Mista - para várias faixas etárias - como pais e filhos juntos;Terceira Idade ou Idade Especial - para idosos.
Quanto ao espaço as Recreações podem ser Internas e Externas:Internas:Salas de Festas; Ginásios Esportivos; Salas de Ginásticas, Salas de Musculação; Salas de Danças Modernas ou Clássicas; Salas de Música; Salas de Leitura; Salas de Projeção; Piscinas Térmicas, Saunas, Duchas; Salões de Jogos - sinuca, bilhar, tênis de mesa, totó, bilhar, boliche etc; Salões de Jogos de Mesa - buraco, biriba, paciência, xadrez, dama etc; Estandes Fechados - tiro ao alvo e arco e flecha; Sala de Jogos Eletrônicos.Externas:Campos - Futebol, beisebol, golfe etc; Quadras poliesportivas - esportes individuais e coletivos; Playgrouds infantis; Piscinas; Pátios para comemoração de datas espaciais; Pistas de Atletismo; Hortos com pistas diversas, quadras, lagos, ciclovias etc.
Quanto ao ambiente:Atividades Terrestres;Atividades Marinhas, Náuticas ou Aquáticas;Atividades Aéreas.
CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOSJogos por Séries - de acordo à Faixa Etária;
Quanto ao Local:Jogos de Campo - com bolas, jogos de correr, jogos de agilidade;Jogos de Salão - Sensoriais, motores, psíquicos (intelectuais e afetivos) para dias de chuva;
Jogos quanto à dificuldade de execução:Pequenos - duração pequena e de regras fáceis e flexíveis - combinadas;Grandes - duração de 10 a 20 minutos com as primeiras regras preestabelecidas - preparam para os desportos e destina-se para alunos de 4ª série em diante.
Quanto à participação nas Atividades Físicas:
Ativa;Moderada;Calma;

Textos como estes são frutos de um trabalho de pesquisa

Referências Bibliográficas:FERREIRA, Vanja. Educação Física - Recreação, Jogos e Desportos; Rio de Janeiro, Editora Sprint, 2003.CAILLOIS, R. Los juegos y los Hombre: la máscara y el vertigos. México, Editora Fondo de cultura económica, 1994.MELO, V. de. Folclore Infantil. Rio de Janeiro, Editora Cátedra, 1981.MIAN, Robson. Monitor de Recreação: Formação Profissional. São Paulo, Editora Textonovo, 2003.GUERRA, Marlene. Recreação e Lazer. Porto Alegre, Editora Sagra, 1988.
Texto:Prof. Maurício Leandro - "Choquito” – CREF nº 03560 – G/BA
Prof. de Fund. Recreação e Lazer II - FACSUL – Itabuna / Bahia
Assessor de Eventos da Educação Física FACSUL – Itabuna / Bahia
Prof. de Estágios em Recreação e Lazer das Faculdades Integradas Montenegro - Ibicaraí / Bahia
Coordenador de Recreação da Cooperativa do Fitness – CDOF


Musculação para iniciantes: a organização do treinamento

Consideramos como iniciantes todos aqueles indivíduos, que não possuem nenhuma experiência com trabalhos contra resistência. Podemos também classificar como iniciantes, aqueles alunos que estão sedentários, mesmo os que já fizeram musculação anteriormente. Esta situação acima relatada, torna-se de importância crucial para o desenvolvimento mais seguro do treinamento em sua forma coerente. Para que haja uma evolução segura individual, deve-se garantir, por meio de uma aplicação racional, os princípios específicos do treinamento desportivo e estes são: o volume e a intensidade. Volume do treinamento, relaciona-se ao número de sessões de treinos por dia, por semana, por mês e excepcionalmente por ano. O total de grupos por exercícios (passagens em cada aparelho), o número de repetições por aparelhos e o número de exercícios da seqüência (série de exercícios) também são exemplos do conceito de volume de treinamento. A intensidade do treinamento é traduzida comumente como o percentual de cargas ou pesos utilizados em cada sessão de treino (força de treinamento).
Antes do inicio de qualquer atividade, principalmente para iniciante, temos que fazer uso das medidas e avaliações ou mesmo de uma anamnese simples com perguntas diretas e objetivas por parte do profissional de educação física, e respostas honestas por parte do futuro praticante. Na prática, deve-se criar condições organizacionais no treino e preparar o organismo para que o mesmo, seja treinado de maneira gradativa, controlada ou periodizada. Almejamos sempre um mínimo de agressão aos sistemas orgânicos. A dor muscular tardia, o desconforto sobre as articulações e tendões, deve ser a menor possível, assim como transitória. A organização para o controle sobre os treinos diários, é a peça chave, para que haja o desenvolvimento de uma conduta de coerência fisiológica, durante e após a aplicação dos métodos e formas de treinamento.
As mesmas só serão bem aproveitadas e desenvolvidas se forem galgadas sobre o alicerce da ciência e do bom senso. O treinamento é dividido em fases ou períodos definidos previamente como: básico, adaptativo, específico e de transição. Uma subdivisão lógica é por meio de microciclos, mesociclos e macrociclos.
Períodos de treinamento em musculação e seus objetivos: Período básico - 4 a 8 semanas - Introdução aos trabalhos com sobrecargas, aprendizagem motora dos gestos e técnicas nos exercícios e aparelhos. Dar ênfase ao ensino e aprendizagem do aquecimento. Prioridade ao volume de treinamento sobre a intensidade (16 a 20 ou 21 a 30 repetições ).Tomadas das cargas ou pesos entre 3 a 5 aulas. Não realizar em hipótese alguma o teste de carga máxima. Utilizar prioritariamente o teste de ensaio e erro ou o teste de carga por repetições máximas. Veja em: Chiesa, L. C. Musculação aplicações práticas: técnicas de uso das formas e métodos de treinamento. Rio de Janeiro: Editora Shape, 2002.
Período adaptativo 01 - 4 a 8 semanas - Visa o treinamento para a melhoria de valências físicas adaptativas tais como: a endurance cardiovascular respiratória e a resistência de força muscular localizada). Com os alunos que já passaram pelos períodos básico e adaptativo 01, e que nunca haviam realizado treinamentos contra resistência, pode-se criar, caso o professor acredite ser de mais fácil controle, um período adaptativo 02. Este período é utilizado na introdução aos treinamentos específicos de força, de velocidade ou de resistência, durante apenas as 04 primeiras semanas dos treinos.
Período específico - 4 a 12 semanas - Treinamento direcionado ao desenvolvimento de qualidades físicas específicas objetivadas pelos alunos ou necessárias ao desenvolvimento esportivo como: a força, a velocidade e a resistência de força muscular localizada.
Período readaptativo - 1 a 4 semanas - Os trabalhos neste período são direcionados ao recondicionamento físico dos alunos que ausentaram-se dos treinamentos durante um período entre 15 a 30 dias. As cargas reintrodutórias giram em torno de 40 a 49% ou 50 a 59% da força máxima individual, respectivamente de 21 a 30 ou 16 a 20 repetições.
Observação:
No caso de períodos de afastamento entre 7 a 10 dias, as cargas readaptativas não devem variar. Faz-se apenas modificações no volume do treino, ou seja: deve-se reduzir o numero de grupos por série, com a respectiva manutenção na série do numero de exercícios, das cargas e repetições. Os intervalos para a recuperação (repouso entre os grupos e aparelhos) devem ser ligeiramente ampliados, durante a primeira semana readaptativa.
Período transição- 1 a 4 semanas - Objetiva manter o aluno em treinamento mínimo após longos períodos de treino com o mesmo objetivo, e principalmente quando o rendimento do treinamento da qualidade física visada estabilizar. A presente atitude caso colocada em prática, cria condições de produzir o repouso ativo controlado, afastando o organismo de atingir o strain.

Organização Básica do Treinamento
Um treinamento por meio de subdivisões, faz-se necessário para que haja uma lógica de controle sobre o desenvolvimento do aluno ou atleta. Omitindo-se as divisões racionais ou a periodização do treino, certamente surgirão situações com problemas descontrolados, assim como, perguntas sem respostas. O treinamento não pode ser intuitivo, ele deve seguir os princípios estabelecidos nas bases da educação física e dos desportos. Qualquer treinamento aplicado, deve ser controlado e previamente organizado por um profissional da educação física. Abaixo encontra-se as divisões do treinamento, para o desenvolvimento de uma metodologia de treino sob um controle pleno ou racional.
MacrocicloÉ o plano de organização geral do treinamento e pode ser dividido em: anual, bianual e olímpico (com duração de 4 anos). Na musculação pelo fato da maioria dos praticantes não serem atletas que visam competições o macrociclo é aberto, ou seja: não possui um período final de treinamento.
MicrociclosSão as menores unidades do treinamento e variam de 1 a 4 semanas, extensiva até 6 semanas, nos casos de feriados prolongados, doenças passageiras etc.
MesociclosSão o conjunto de microciclos, geralmente de 1 a 12 microciclos.

Plano geral de treinamento da força e da hipertrofia

Os trabalhos contra resistência visam a elevar o estado de treinamento, estes devem ser planejados antecipadamente. O planejamento a curto e médio prazo faz-se necessário para que os caminhos em direção ao objetivo alvo sejam traçados, assim como a definição previa das ações, para estarem sob controle durante a aplicação das cargas, que visam atingir a meta, sejam elaboradas com segurança.
No planejamento geral ou macrociclo, todas as características do treinamento, como percentual de cargas, microciclos, mesociclos etc, devem ser antecipadas para que ao longo dos meses vindouros, já estejam visualizadas com antecedência.
Predeterminar o volume, a intensidade e o período de tempo para a realização dos treinamentos, é de fundamental importância, quando desejamos resultados positivos sobre o desenvolvimento da qualidade de força visada e hipertrofia.
A utilização de divisões e de alterações lógicas e periódicas do treinamento total, compostas por microciclos aglomerados que dão origem aos mesociclos, e os mesociclos quando dispostos seqüencialmente passam a constituir o macrociclo. Esta forma de organização é conhecida como periodização que segundo Fleck & Kraemer; 1999 “...é uma variação planejada das variáveis agudas de programa”.
A periodização para o desenvolvimento da força dos alunos avançados, comumente é constituída por microciclos que duram de 4 a 6 semanas (microciclos ordinário), com as mesmas características de volume e intensidade em cada microciclo, veja quadro 01a.
Quadro 01a

No exemplo exposto no quadro 01b as séries ou seqüências de exercícios são repetidas 3 vezes por semana em dias intercalados.
Quadro 01b

Nos casos de treinamento com intensidade máxima e supra máxima, destinado aos atletas, utiliza-se microciclos de choque de 1 semana, intercalados com microciclos recuperativos com cargas submáximas também de 1 semana. O exemplo contido no quadro 02a é aplicado exclusivamente para atletas de elite, praticantes de esportes especializados em força. Quadro 02a

As séries compostas por exercícios específicos esportivos, são executadas entre 3 a 4 dias na semana. Realiza-se a montagem de 2 seqüências, a mesma é composta por exercícios, distintos. A série (A) deve ser planejada com exercícios específicos competitivos ou de grande mobilização muscular ou de função multiarticular (série principal). A série (B) é complementar, e deve-se incluir exercícios de característica auxiliar aos movimentos principais. Normalmente a seqüência (B) possui exercícios de característica monoarticular.
Outra forma de inclusão de exercícios é por meio da fragmentação de movimentos complexos e ou esportivos. Como no caso do arremesso olímpico, este deve ser desmembrado em duas partes. O primeiro movimento ou espaduamento que consiste na elevação da barra com pesos do solo até os ombros. o segundo movimento é realizado por meio do chamado desenvolvimento com barra o qual realiza-se a elevação da barra a partir dos ombros até acima da cabeça, sendo este movimento finalizado com os braços em extensão.
No exemplo citado acima de fragmentação dos movimentos, os exercícios que deverão compor a seqüência B, serão exatamente aqueles em que há a necessidade de desenvolver a força dos músculos auxiliares ao movimento principal esportivo. Veja no quadro 02b a disposição semanal das seqüências de exercícios.
Quadro 02b
Nos treinamentos destinados ao desenvolvimento da hipertrofia muscular, as seqüências de exercícios possuem variáveis complexas relacionadas com o volume de treinos semanal, com o número de exercícios em cada seqüência, com o número de grupos realizados por exercícios da seqüência, com número de vezes na semana em que cada seqüência será repetida, com a velocidade do movimento e finalmente com a faixa de cargas que serão utilizadas.
Com a complexidade acima descrita conclui-se que há uma necessidade de um período mais dilatado para o treinamento destinado à hipertrofia. Naturalmente necessitamos de maiores períodos de treino para utilizar técnicas de cruzamento das formas de aplicação de cargas. As formas de aplicação de cargas proporcionam dezenas de cruzamentos, estes devem ser utilizados ao longo do planejamento anual.


Profissional de Educação Física: Luiz Carlos Chiesahttp://www.professorchiesa.com.br/Registro CREF 1- 000069 G/ES
Graduado pela U.F.E.S-1985/1
Pós graduado em Treinamento Desportivo pela Universo/1999.
Diretor do CREF 01/ ES.
Autor dos livros: - Musculação: uma proposta de trabalho e desenvolvimento humano, Espírito Santo: Editora da U.F.E.S, 1999.- Musculação: Aplicações práticas – Técnicas de uso das formas e métodos de treinamento, Rio de Janeiro: editora Shape, 2002.- A musculação racional. Bases para um treinamento organizado, (em fase de edição; editora PAIDOTRIBO, Barcelona/Espanha).


Hipertrofia Muscular: informações básicas

Hipertrofia Muscular
O processo de hipertrofia tem sua origem em um princípio básico dos organismos vivos: a auto-organização, conforme definido por Capra (2001). Ao afastarmos nosso organismo do equilíbrio ele reage por intermédio de reações complexas para alcançar novamente o equilíbrio. Por vezes, estas reações levam ao surgimento de uma nova configuração na qual o organismo estará mais apto a superar desafios semelhantes.
No processo de ganho de massa muscular, os estímulos que afastariam o sistema do equilíbrio poderiam ser causados pelo treinamento de força que em princípio quebraria a homeostase e logo em seguida proporcionaria um novo estado de equilíbrio, isto é, uma musculatura maior, mais forte e mais resistente às lesões, em decorrência justamente das adaptações do organismo ao treinamento. Os princípios que envolvem a hipertrofia estão em diversos elementos e poderiam ser facilmente descritos por intermédio de frases como “aquilo que não me mata me faz mais forte” do filósofo alemão Nietsche, ou os ditos populares “o que não mata, engorda” e, até mesmo, “o trabalho dignifica o homem”.
Na verdade, o que todas estas frases significam é que os sistemas podem se adaptar às adversidades tornando-se mais capazes de suportar estresses similares no futuro. Segundo o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Hollanda, hipertrofia é o “aumento volumétrico de um órgão ou parte do organismo, devido ao aumento volumétrico de seus componentes constitutivos”. Aplicando à nossa realidade, podemos afirmar que a hipertrofia muscular é o crescimento do músculo por intermédio do aumento do tamanho de suas fibras. O músculo é composto basicamente de água (75%) e o principal componente orgânico é a proteína (20%).
Sabendo da fundamental importância das proteínas, sua formação e manutenção adquirem um papel primordial no ganho de massa muscular. Em nosso corpo há dois processos constantes, um de construção e outro de degradação dos tecidos, chamados anabolismo e catabolismo respectivamente, e é justamente o resultado do saldo desses processos que determinará a estrutura muscular em um determinado momento. Quando há mais degradação do que construção tecidual, ocorre perda de massa muscular; quando o anabolismo supera o catabolismo, há um aumento do volume dos músculos.
Este processo contínuo de construção e degradação é chamado remodelagem e ocorre de forma relativamente rápida. Guyton e Hall (2003), sugerem que as proteínas contráteis dos músculos pequenos podem ser totalmente substituídas no prazo de até duas semanas. Entretanto, para que o anabolismo supere o catabolismo, os músculos devem receber constantemente estímulos que favoreçam o aumento da massa muscular.
Neste sentido, os exercícios com sobrecarga e uma dieta que forneça os nutrientes necessários devem ser realizados continuamente. Da mesma forma que o treinamento de força pode causar hipertrofia, a falta dele leva a perda de massa muscular. O nosso organismo sempre fará o possível para gastar menos energia, então se o corpo detectar que não precisa de um músculo mais desenvolvido, que conseqüentemente gasta mais energia, ocorrerá a perda de massa muscular até o ponto em que manteremos apenas a quantidade de músculo necessária para as atividades que realizamos. Tendo em vista que as atividades modernas têm uma reduzida exigência neuromuscular, é praticamente inevitável isso ocorra.
Treinamento de hipertrofia Apesar do treinamento de força ser cercado de mitos e estereótipos, a ciência mostra o quanto a sua prescrição é complexa e dependente de vários fatores, tais como: intervalo de descanso entre as séries, intervalo entre os treinos, intensidade, número de séries e repetições, velocidade, forma de execução dos exercícios, métodos utilizados e planejamento. Além disso, é muito importante que a estruturação do treino seja ajustada e modificada continuamente com estímulos específicos capazes de favorecer a hipertrofia muscular.
Por isso a participação de um professor de educação física especializado é fundamental, pois comumente encontramos pessoas que praticam musculação há anos e não conseguiram bons resultados. O problema com a maioria dos treinos se resume em treinar muito com pouca ou nenhuma qualidade. Para solucionar esse problema propomos preocupar-se mais com o “como” fazer, do que com o “quanto” fazer. Esta preocupação qualitativa acaba por reduzir a importância de alguns fatores que antes eram supervalorizados como a quantidade de horas que se passa na academia e a quantidade de peso que se levanta em um exercício.
Também deve ser considerado um dos principais fatores que levam as pessoas à não praticar atividades físicas: a falta de tempo. Se levarmos em conta que treinos extensos são menos eficientes, parece contraditório que muitas pessoas insistam em treinos excessivamente longos, passando horas nas academias, tendo em vista que será mais difícil manter a assiduidade com um programa deste tipo e os resultados serão inferiores a programas melhores planejados.
É importante frisar que um dos maiores problemas na ciência do treinamento de força está em estabelecer a quantidade ideal de treino, sempre ouvimos perguntas como: “quantos exercícios devo fazer?” ou “quanto tempo devo passar na academia?”. Invariavelmente a resposta é: “depende”. Apesar de ser impossível estabelecer a série ideal para todas as pessoas em termos quantitativos e qualitativos pode-se ter certeza que o problema com o treino da maioria das pessoas é que elas simplesmente exageram na quantidade e pecam na qualidade.
Atualmente os treinadores mais conscientes e estudiosos manipulam as varáveis de modo que em poucos minutos é fornecido um estímulo eficiente para que a adaptação desejada ocorra. Artigos publicados por Kraemer em 2002, Pollock em 1998 e vários outros pesquisadores mostram que alunos iniciantes obtêm excelentes resultados com apenas uma série, direcionada para os principais grupamentos musculares, repetidas três vezes por semana. A musculação possui inúmeros métodos e diversas formas de controlar as variáveis, dentre todas elas, a última que deve ser usada é o aumento do número de séries e exercícios. Antes disso deve-se sempre tentar melhorar a qualidade do treino. Estes dados estão reforçados no livro específico sobre o tema “Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia”, do Mestre Paulo Gentil, o qual também apresenta uma nova proposta para elaboração de treinos mais eficientes e com menor exigência de tempo.
Um profissional qualificado saberá como e quando usar a estratégia correta para potencializar os resultados. Não podemos esquecer de alertar sobre o mito de que a musculação causa lesões, diversos estudos comprovam que esta atividade é extremamente segura, para homens e mulheres de todas as idades, inclusive para pessoas idosas e frágeis (Fiatarone, 1994). É muito comum a busca por informações em locais inadequados onde se encontra conteúdos cientificamente pobres, embasados em teorias medíocres ou mesmo no senso comum. Não será em algum website, revista ou livro de auto-ajuda que encontraremos a melhor informação, cada treino deve ser feito por um profissional especializado. Cada pessoa tem suas particularidades, que devem ser respeitadas para que haja eficiência no treinamento. Faça aqui uma busca sobre este ou outros assuntos

Referências Bibliográficas
AAP, American Academy of Pediatrics. Strength training by children and adolescents. Pediatrics. 107(6):1470-1472, 2001. Asikainen TM, Kukkonen-Harjula K, Miilunpalo S. Exercise for health for early postmenopausal women: a systematic review of randomised controlled trials. Sports Med. 2004;34(11):753-78.
Capra, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 5ª edição. São Paulo : Cultrix, 2001.
Fairfield WP, Treat M, Rosenthal DI, Frontera W, Stanley T, Corcoran C, Costello M, Parlman K, Schoenfeld D, Klibanski A, Grinspoon S. Effects of testosterone and exercise on muscle leanness in eugonadal men with AIDS wasting. J Appl Physiol. 90 (6):2166-71, 2001.
Fiatarone MA, Marks EC, Ryan ND, Meredith CN, Lipsitz LA, Evans WJ. High-intensity strength training in nonagenarians. Effects on skeletal muscle. JAMA. 1990 Jun 13;263(22):3029-34.
Gentil, P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
Kehayias JJ, Lipsitz LA, Evans WJ. Exercise training and nutritional supplementation for physical frailty in very elderly people. N Engl J Med. 1994 Jun 23;330(25):1769-75.
Fiatarone MA, O’neill EF, Ryan ND, Clements KM, Solares GR, Nelsonme, Roberts SB, Kehayias JJ, Lipsitz LA, Evans WJ. Exercise training and nutritional Supplementation for physical frailty in very elderly people. N Engl J Med. 1994 Jun 23;330(25):1769-75.
Kraemer WJ, Adams K, Cafarelli E, Dudley GA , Dooly C, Feigenbaum MS, Fleck SJ, Franklin B, Fry AC, Hoffman JR, Newton RU, Potteiger J, Stone MH, Ratamess NA, Triplett-Mcbride T; ACSM. American College of Sports Medicine position stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine and Science in Sports and Exercise. Vol.34 n°2 pp:364-80, 2002.
Frontera WR, Meredith CN, O’reilly KP, Knuttgen HG, Evans WJ. Strength conditioning in older men: skeletal muscle hypertrophy and improved function. J Appl Physiol. 1988 Mar;64(3):1038-44.
Hgh-intensity strength training in nonagenarians. Effects on skeletal muscle. JAMA. 1990 Jun 13;263(22):3029-34.
Kraemer WJ, Hakkinen K, Newton RU, Nindl BC , Volek JS, Mccormick M, Gotshalk LA, Gordon SE, Fleck SJ, Campbell WW, Putukian M, Evans WJ. Effects of heavy-resistance training on hormonal response patterns in younger vs. older men. J Appl Physiol. 1999 Sep;87(3):982-92.
Moritani T, Devries HA. Potential for gross muscle hypertrophy in older men. J Gerontol. 1980 Sep;35(5):672-82
NSCA. Youth Resistance Training: Position Statement Paper and Literature Review. Strength and Conditioning. 18(6):62-76, 1996.
Wilmore, J.H. (1974). Alteration in strength, body composition and anthropometric measurements consequent to 10 week weight training program. Medicine and Science in Sport, 6, 133-138
Yarasheski KE. Exercise, aging, and muscle protein metabolism. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2003 Oct;58(10):M918-22.
Zinna EM, Yarasheski KE. Exercise treatment to counteract protein wasting of chronic diseases. Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care. 6 (1):87-93, 2003


Os benefícios do exercício físico


Na sociedade atual, graças às descobertas científicas que tiveram lugar nos últimos 100 anos, as atividades do dia – a - dia tornaram-se cada vez mais fáceis. Como exemplos, podemos citar a deslocação até ao local de trabalho ou a subida até ao 4º andar de um prédio, que passaram a ser feitas através de recursos mecânicos (automóvel e elevador, respectivamente).Em termos económicos, podemos chamar a isto eficiência, pois o mesmo objectivo pode ser alcançado com menor dispêndio de recursos (como o tempo). Aparentemente, a vida moderna parece muito melhor que a dos avós dos nossos avós. Tudo é mais fácil. Não temos que nos preocupar com tarefas pouco importantes e podemos dedicar-nos ao exercício da atividade intelectual. Não obstante, os últimos 100 anos demonstraram que o sedentarismo é algo a que o ser humano não está habituado e, como qualquer organismo vivo, adapta-se a essa nova situação.

O grande problema reside nessa adaptação, que se manifesta das mais variadas formas: obesidade, hipertensão, colesterol e triglicéridos elevados, diabetes tipo II e doenças cardiovasculares, entre outras. Para fazer face a estes problemas de saúde pública, que em alguns países (como os EUA), atingiram proporções epidémicas, vários cientistas investigam e associam-se, realizando congressos, onde publicam os seus trabalhos.

A grande conclusão a que todos chegaram é que a prática regular de atividade física, combinada com uma alimentação adequada (tema a abordar num futuro artigo) previne e reverte os problemas de saúde atrás referidos.

Para melhor compreensão, apresenta-se uma lista dos benefícios obtidos pela prática regular de atividade física:

1. Melhoria da função cardiovascular e respiratória
2. Redução dos fatores de risco para doença da artérias coronárias
3. Diminuição de incidentes mortais provocados por doença cardiovascular
4. Diminuição da incidência de doença das artérias coronárias, cancro do cólon e diabetes tipo II
5. Diminuição da massa gorda e manutenção ou aumento da massa muscular
6. Aumento da massa óssea e/ou prevenção da sua perda (prevenção da osteoporose)
7. Aumento da força muscular
8. Aumento da resistência de tendões e ligamentos
9. Aumento do metabolismo em repouso
10. Melhoria da função imunitária
11. Atraso de certos processos do envelhecimento
12. Aumento da sensação de bem-estar e da auto-estima
13. Melhoria dos estados de depressão e ansiedade

Para obtenção dos benefícios descritos, o American College of Sports Medicine (associação, que apesar do nome, integra cientistas de todo o mundo) determina que se realize, no mínimo, 30 minutos de exercício diário (que pode ser uma simples caminhada) durante 4 ou mais dias por semana.

Em suma, se pretende ter uma vida saudável, seja mais ativo: vá a pé para o local de trabalho, utilize as escadas em vez do elevador, passeie com o cão, ande de bicicleta, ou realize qualquer outra atividade física que seja do seu agrado (ficar no sofá a pressionar os botões do comando não conta).



Artigo elaborado por Pedro Bastos - Portugal
Personal Trainer e Instrutor de Musculação e Cardiofitness
Diplomado pelo CEF (Centro de Estudos Fitness) e pelo CEFAD (Centro de Estudos e Formação de Actividades Desportivas)

Fonte: 3Fitness.com


A musculação e a saúde do sistema cardiovascular

Muito se fala sobre os benefícios da musculação sobre o sistema cardiovascular. Trabalhos realizados por laboratórios de fisiologia do exercício, de reabilitação cardíaca, clínicas específicas, hospitais do mundo inteiro e revistas científicas internacionais continuam mostrando os reais benefícios deste tipo de atividade física principalmente para o sistema cardiovascular.

Mesmo sabendo de tudo isto, muitos médicos, professores em Educação Física, fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde acabam “desacreditando” desses reais benefícios. Mas por que????
A musculação sempre foi alvo de muitas críticas do tipo: não serve para nada, interrompe o processo de crescimento, deixa a mulher masculinizada, todo praticante usa hormônios para aumentar a massa muscular, etc.... Enfim, tudo que ainda é falado por aí não passa de folclore, e sem nenhum embasamento científico.

Aliás, é essa falta de embasamento científico que leva a essas falsas afirmações, além de que, os exercícios aeróbios desde há muito tempo é cultuado como a melhor atividade física para a promoção da saúde e principalmente da saúde cardiovascular mas, como nós sabemos não existe o melhor ou o pior tipo de atividade física e sim, cada tipo de atividade física melhora alguma capacidade física, ou seja, exercícios de alongamento melhora a flexibilidade do indivíduo; o treinamento aeróbio melhora a capacidade aeróbia específica, se você nada, você irá melhorar a sua capacidade aeróbia na natação, se você corre você irá melhorar a capacidade aeróbica da corrida e se você treina musculação, você irá melhorar a sua força muscular, resistência muscular aumento de massa óssea......só que a musculação melhora muito pouco a capacidade aeróbia, assim como os exercícios aeróbios praticamente não influenciam o aumento de massa magra e a manutenção de massa óssea.

Então, aqueles “profissionais” que dizem que exercícios aeróbios são os mais aconselháveis para a reabilitação cardíaca e / ou aumento da qualidade de vida, estão REDONDAMENTE enganados.

Como já dissemos, atividades aeróbias melhora a capacidade aeróbia, e o resto?? FORÇA, para levantar pesos dentro de casa, nas atividades rotineiras, passear com os netos, se virar sozinho quando da ausência de parentes para ajuda-los em alguma coisa......
Enfim, se formos dizer o que um idoso precisa fazer para manter suas funções vitais adequadas para uma vida com qualidade, podemos facilmente escrever vários livros.
O intuito deste artigo é simplesmente mostrar os benefícios que o trabalho com pesos fazem em benefício para a saúde cardiovascular. Abaixo iremos exemplificar alguns itens:
O CORAÇÃO COMO UMA BOMBA MUSCULAR: durante uma atividade com pesos, os batimentos por minuto são bem menores do que em uma atividade aeróbia (não estamos falando de treinamento intenso e sim, o uso da musculação para a reabilitação cardiovascular!!), ou seja o DP (duplo produto) durante uma atividade com pesos é menor, sobrecarregando menos o coração. Sobrecarregar menos o coração significa poupar trabalho mecânico para executar uma determinada função, no caso, menos batimentos cardíacos.
RETORNO VENOSO FACILITADO: a baixa pressão do sistema venoso cria um problema especial que é solucionado em parte por uma característica ímpar das veias. Dentro das veias existem várias válvulas finas, membranosas em forma de asas, distribuídas a pequenos intervalos dentro delas, permitindo apenas o fluxo unidirecional do sangue na direção do coração.

Em virtude da baixa pressão do circuito venoso, as minúsculas contrações musculares, comprimem prontamente as veias. A compressão dos músculos sobre as veias, o relaxamento alternativos das mesmas e a ação unidirecional de suas válvulas proporcionam uma ação de “ordenha” semelhante à ação do coração (MCARDLE et al, 2003).

Então, se a massa muscular torna-se mais forte mediante a realização de exercícios com pesos (musculação), isso irá facilitar e muito o retorno venoso, aumento o enchimento das cavidades cardíacas, fazendo com que em uma mesma quantidade de batimentos cardíacos, o coração irá conseguir ejetar uma quantidade maior de sangue, sobrecarregando menos o miocárdio.

Teoria esta explicada por Frank e Starling dois grande fisiologistas que descreveram o mecanismo facilitação do retorno venoso pela bomba muscular onde, quanto maior a força de uma determinado grupo muscular, maior a capacidade de “ordenha” para o retorno do sangue para o coração (denominada teoria de Frank-Starling).

Isso significa que, se o treinamento com pesos favorece o aumento da massa muscular e conseqüentemente o aumento de força, isto é mais um fator que comprova a eficácia deste tipo de atividade para a reabilitação cardiovascular.
Concluindo, os exercícios com pesos, podem e devem ser aplicados para este fim específico, promovendo um aumento da qualidade de vida, pois é uma ferramenta segura provada cientificamente.
BONS TREINOS!!!

Bibliografia (entrar em contato com o autor).


Prof. Ms. Fabiano Peres
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Mestre em Educação Física pela UNIMEPEspecialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESPGraduado em Educação Física pela UNESPMembro da Sociedade Brasileira de Fisiologia do ExercícioProfessor e coordenador do curso de Educação Física da Universidade São Francisco (USF) - Bragança PaulistaProfessor do curso de Especialização em Medicina Esportiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP/ IOT)Professor do curso de Educação Física do UNIFAE – São João da Boa Vista



O Assistente Social como Profissional de Saúde

O Brasil assistiu a uma reorientação política e institucional da Política de Saúde, iniciada em finais da década de 70. Um dos fatores mais significativos foi o surgimento do Movimento da Reforma Sanitária que lutou por mudanças na organização desta política resultando num novo conceito de saúde, que foi incorporado na Constituição de 1988:
A saúde não é um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico de determinada sociedade e num dado momento do seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas. Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. (Anais da 8ª Conferência Nacional de Saúde, 1987:382)Ao reconhecer a saúde como resultado das condições econômicas, políticas, sociais e culturais, o Serviço Social passa a fazer parte do conjunto de profissões necessárias à identificação e análise dos fatores que intervém no processo saúde/doença. Outro fato que vem contribuir para a ampliação da inserção do assistente social no campo foi a mudança no processo de gestão da política de saúde, tendo na descentralização político e administrativa a principal estratégia. Com a crescente municipalização da política de saúde os municípios tiveram que contratar diversos profissionais para garantir a gestão local da política, dentre eles, o assistente social.
A política pública de saúde é o setor que, historicamente, mais tem absorvido profissionais de Serviço Social. O Conselho Nacional de Saúde - CNS, através da resolução nº 218/1997, reconheceu o assistente social como um dos treze profissionais de saúde de nível superior - junto com o biólogo, profissionais de educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos veterinários, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. O Conselho Federal de Serviço Social - CEFESS, através da resolução 338/1999, reafirma o assistente social como profissional de saúde, pautado na resolução anteriormente citada, no novo conceito de saúde inaugurado pela Constituição de 1988, na própria formação do assistente social e no seu compromisso ético-político expresso no Código de Ética da profissão de 1993, que coloca que um dos principais fundamentos do Serviço Social é o “posicionamento em favor da eqüidade e justiça social que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática”.
Neste sentido, os assistentes sociais, no âmbito municipal, vêm assumindo novas funções no setor, como participar do processo de gestão da saúde, atuar nos conselhos de saúde, na formulação, planejamento, monitoramento e avaliação da política, distanciando-se das antigas funções rotineiras e burocratizadas, restritas à execução de ações subsidiárias ao saber médico.
Os assistentes sociais se inserem, assim, no processo de trabalho em saúde, como agente de interação entre os níveis do Sistema Único de Saúde - SUS com as demais políticas sociais, sendo que o principal objetivo de seu trabalho no setor é assegurar a integralidade e intersetorialidade das ações. O assistente social desenvolve, ainda, atividades de natureza educativa e de incentivo à participação da comunidade para atender as necessidades de co-participação dos usuários no desenvolvimento de ações voltadas para a prevenção, recuperação e controle do processo saúde/doença. O que de novo se coloca na inserção atual do assistente social na área de saúde é o fato de que essa “prática” não é mais mediada pela ideologia da ajuda e sim pela perspectiva da garantia de direitos sociais. Atua justamente nas contradições existentes no SUS, dentre as quais constam a exclusão no acesso, a precariedade dos recursos e da qualidade dos serviços, a excessiva burocratização e a ênfase na assistência médica curativa e individual. É nesse contexto que surgem um conjunto de requisições expressivas da tensão existente entre as ações tradicionais da saúde e as novas proposições do SUS, e que determinam o âmbito de atuação do profissional de Serviço Social, qual seja, nas contradições presentes no processo de racionalização e organização do Sistema.
É dentro da relação de dever/direito à saúde que o trabalho dos assistentes sociais vem se desenvolvendo e, a cada dia, tem se tornado uma “prática” necessária para a promoção e atenção à saúde. Sua intervenção tem se ampliado e se consolidado diante da concepção de que o processo de construção da saúde é determinado socialmente, e reforçado pelo conceito de saúde que passa a considerar o atendimento das demandas do setor sob o enfoque relevante das condições sociais.Assim, entendendo que a saúde é construída a partir de necessidades históricas e socialmente determinadas que o assistente social a defende como direito de todo cidadão e dever do Estado, propondo-se a contribuir para essa garantia através do fortalecimento de seus princípios de universalidade, equidade e integralidade.
Texto: Valdirene PachecoAssistente Social - CRESS 6ª região n. 6204Mestre em Serviço SocialDocente no Curso de Serviço Social da UNIPAC/Vale do Aço


Intervalo entre as séries de musculação

No treinamento de força, diversos fatores são influenciados pela duração do intervalo de descanso entre as séries, como: recuperação das fontes de energia, concentrações sangüíneas de lactato, quantidade de trabalho realizado (carga x repetições) e capacidade neural. Séries com números elevados de repetições e curtos intervalos de descanso apresentam maior acúmulo de lactato. Com relação ao número de repetições, Abernethy & Wehr (1997) demonstraram que protocolos que utilizaram 15RM apresentam maiores concentrações de lactato no sangue quando comparado com 5RM.
Resultados similares foram encontrados por Kraemer et al. (1990) ao comparar treinos de 10 e 5RM. Ao analisar os efeitos de diferentes intervalos entre as séries, Kraemer et al. (1990) verificaram que a realização de séries de 10RM com um minuto de intervalo promove um maior acúmulo de lactato em comparação a séries com três minuto. Deste modo, é possível inferir que a utilização de intervalos curtos (1 minuto) favoreça um maior acúmulo de metabólitos, o que pode ser benéfico para se promover ganhos de força e hipertrofia. Desta forma, pode-se sugerir intervalos curtos entre as séries com estímulos metabólicos, pode ser uma estratégia eficiente mesmo que sejam utilizadas cargas relativamente baixas (Takarada & Ishii, 2002).
Por outro lado, ao considerarmos os fatores neurais, recomenda-se um maior intervalo de descanso entre as séries para haja uma melhor recuperação do sistema nervoso e energético, o que possibilitará ativar uma quantidade suficiente de unidades motoras capazes de suportar a mesma carga e realizar o mesmo trabalho na próxima série (Kraemer e Hakkinen, 2004). Neste caso, para minimizar a fadiga e aumentar a capacidade de desenvolver força, alguns autores sugerem intervalos de dois a quatro minutos (Woods et al., 2004), no entanto esta recomendação pode chegar a oito minutos em treinos específicos de atletas de força e potência muscular (Verkhoshansky, 1998).
De fato é verificado que intervalos curtos de descanso dificultam, ou até mesmo impossibilitam que se realize o mesmo trabalho nas séries subseqüentes. Richmond & Godard (2004), verificaram que intervalos mais longos possibilitam que as séries seguintes sejam realizadas com maior número de repetições, contribuindo para um maior volume de trabalho. Kraemer (1997) verificou que três minutos de descanso entre as séries foi suficiente para que atletas de futebol americano completassem 10RM no Leg Press e no Supino com a mesma carga da série anterior, no entanto o mesmo não ocorreu com um minuto de intervalo.
Por outro lado, ao avaliar homens moderadamente treinados Willardson & Burket (2005), concluíram que mesmo com cinco minutos de intervalo não foi possível realizar o mesmo trabalho em quatro séries de supino ou agachamento com carga de 8RM. Resumindo, treinos com características metabólicas são mais eficientes com intervalos curtos de descanso entre as séries, pois o objetivo é aumentar as concentrações de metabólitos. Já treinos com características tensionais o intervalo deve ser longo para se obter uma recuperação neural adequada (Gentil, 2005). Entretanto, é essencial que haja uma manipulação cuidadosa do intervalo de descanso para evitar um estresse inadequado e desnecessário.

Referências Bibliográficas
Abernethy PJ, Wehr M. Ammonia and lactate response to leg press work at 5 and 15 RM. J. Strength Cond. Res. 11(1):40-44, 1997.
Gentil P. Bases científicas do treinamento de hipertrofia. Rio de Janeiro. Sprint. 2005.
Kraemer WJ & Hakkinen K. Treinamento de força para o esporte. Porto Alegre. Artmed. 2004.
Kraemer WJ, Marchitelli LJ, McCurry YD, Mello R., Dziados JE, Harman EA, Frykman PN, Gordon SE. Fleck S. Hormonal a growth factor responses to heavy resistance exercise. J Appl. Physiol. 69:1442-1450, 1990.
Richmond SR, Godard MP. The effects of varied rest periods between sets to failure using the bench press in recreationally trained men. J. Strength Cond. Res. 18 (4):846-849, 2004.
Takarada I & Ishii N. Effects of Low-Intensity Resistance Exercise With Short Interset Rest Period on Muscular Function in Middle-Aged Women. J Strength Cond. Res. Vol.16 n°1 pp:123–128, 2002.
Verkhoshanski YV. Força: Treinamento de potencia muscular – Método de choque. Londrina, CID, 1998.
Willardson, J.M., and L.N. Burkett. A comparison of 3 different rest intervals on the exercise volume completed during a workout. J. Strength Cond. Res. 19(1):23–26. 2005.
Woods S, Bridge T, Nelson D, Risse K, Pinciveiro DM. The effects of rest interval length on ratings of perceived exertion during dynamic knee extension exercise. J. Strength Cond. Res. 2004, 18(3), 540–545. 2004.

Texto: Profª. Elke Oliveira - Educadora FísicaGraduada em Educação Física pela Universidade de Brasília Pós-graduada em Musculação e Treinamento de Força pela Gama Filho e em Fisiologia do Exercício pela Veiga de AlmeidaMembro do Gease
Fonte: GEASE - Grupo de Estudos Avançados em Saúde e ExercícioBrasília / DF


Periodização e Hipertrofia

A periodização linear ou tradicional é a elaboração de um treinamento que possui uma fase inicial com alto volume e baixa intensidade, evoluindo para um aumento da intensidade e redução do volume. Sua teoria é alicerçada no princípio científico do treinamento esportivo conhecido por interdependência volume x intensidade, onde cada fase ou período é desenvolvido com o propósito de ocasionar uma adaptação que irá otimizar os resultados das fases que se sucedem.
Embora alguns autores tenham apresentado aspectos negativos dessa abordagem (Verkhoshansky, 2001 apud Gentil, 2005), vários outros, como Fleck & Kraemer (1999), já demonstraram o quão eficiente a periodização pode ser no incremento da força muscular.
Mas, e quanto à hipertrofia? Como funciona a periodização aplicada a um programa elaborado para o aumento da massa muscular? Antes de respondermos a esta pergunta, é necessário fazer justiça a quem seja, muito provavelmente, o maior responsável pela aplicação da periodização ao treinamento de força voltado para hipertrofia, o romeno
Tudor Bompa, que em 1998 publicou Serious Strength Training e transportou o rígido conceito da periodização linear para esporte que se define pela máxima hipertrofia muscular possível, o culturismo. No Brasil, este livro foi publicado em 2000 com o título de Treinamento de Força Consciente.
Vários autores conceituados como o inglês William Kraemer e o russo Yuri Verkhoshansky já haviam demonstrado os resultados da periodização aplicada ao treinamento de força no treinamento esportivo, todavia, a hipertrofia é uma alteração morfológica, e não uma capacidade física que depende de algum tipo de requisito motor específico. No caso do treinamento de hipertrofia a periodização serviria apenas para definir critérios técnicos onde até então não havia nenhum (Gentil (2005).
Desta maneira, quais seriam, então, os erros mais comuns na abordagem linear da periodização aplicada ao treinamento de força para hipertrofia? Das seis fases definidas por Bompa, comentaremos aquelas que induzem aos maiores problemas na sua aplicação:
Fase da Adaptação Anatômica: esta fase pressupõe que indivíduos sem experiência e aqueles que estão retornando de um longo tempo de inatividade, devem passar por um período de treinamento que desenvolva os tendões e ligamentos, uma vez que a “velocidade” de fortalecimento destas estruturas não contateis é menor que a do tecido muscular esquelético.
Assim, segundo Bompa, os treinos desta fase devem possuir baixo volume e intensidade mesmo havendo evidências de que treinos de alta intensidade, em curto prazo, não são lesivos se respeitados os critérios de volume e técnicas corretas de levantamento (Gentil, 2005: 152).
Fase de Força Máxima: Bompa (2000), afirma que esta fase tem como objetivo o aumento da espessura das pontes cruzadas e dos filamentos grossos de miosina, única maneira de estimular a hipertrofia crônica.
Contraditoriamente, não há evidências científicas de que seja necessário promover um aumento na força para que se desenvolva a hipertrofia muscular, o que torna esta fase, no mínimo, desnecessária. Outro problema esta no termo hipertrofia crônica, usado por Bompa como sinônimo de hipertrofia miofibrilar, que só ocorreria com protocolos onde as repetições fossem baixas e as cargas altas, fatores responsáveis pelo real aumento da força muscular.
A existência de dois tipos de hipertrofia não procede cientificamente. Talvez tenha sido um recurso didático usado pelos russos (primeiros a abordar o termo miofibrilar e sarcoplasmático, na hipertrofia fisiológica do músculo esquelético) mal interpretado por alguns treinadores ocidentais (Gentil, 2005).
Fase de Definição: basta entendermos os conceitos básicos da fisiologia aplicada ao exercício físico para nos darmos conta de que treinos para “definição”, no treinamento de força, não possuem fundamento.
Mesmo assim, Bompa chega a dizer que o alto número de repetições, usados nesta fase, faz com que o corpo utilize os ácidos graxos como fonte de energia para contração muscular, dando a entender que há redução localizada de gordura subcutânea, “definindo” os músculos.
Tanto o modelo matemático, quanto o metabólico, da redução de peso corporal não encontram evidências o suficiente que os sustentem. Mesmo não existindo provas que a “definição” anule a hipertrofia, e vice versa, o que distingue verdadeiramente os dois protocolos são as estratégias nutricionais e o uso de fármacos, como lembra Gentil (2005).
Simplificar a redução de gordura corporal, manipulando apenas um certo número de repetições, mesmo aliados a uma mudança dietética, e não considerar a complexidade de um sistema não-linear, como o corpo humano é, no mínimo, imprudente.
Fase de Transição: esta fase parte da premissa de que é necessário reduzir a sobrecarga imposta pelo treinamento ao final do ciclo anual, assim como entre as demais fases, a fim de evitar o surgimento da fadiga crônica e/ou síndrome do overtraining.
Porém, a rigidez, ou inflexibilidade desta fase não considera que outros aspectos podem induzir a tais situações e não somente o treino em si, não permitindo que esta fase se adeque a outros períodos elaborados dentro do ciclo anual.
Outra grave falha apontada por Gentil (2005), é que a fase de transição sucede a fase de adaptação anatômica, ocasionando um ciclo estendido de adaptação - transição, interrompendo demasiadamente o processo de hipertrofia gerado pelo treino.
Atualmente, a hipertrofia como resultado do treinamento de força vem recebendo mais atenção da comunidade científica, com mais e mais estudos a cerca deste tema. A complexidade deste processo adaptativo impede que abordagens lineares sejam aplicadas sem uma análise mais profunda e criteriosa, como se a resposta dependesse apenas de uma regra básica, como propõe a periodização apresentada por Bompa.
Não há, e talvez nunca haja, um modelo pronto para responder a todas a necessidades do treinamento de força voltado para hipertrofia analisar e entender o que estas necessidades querem dizer seja atitude mais acertada.

Referências BibliográficasBOMPA, T; CORNACCHIA, L. Treinamento de Força Consciente. Phorte, 2000.FLECK, WJ; FLECK, SJ. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Artmed, 1999.GENTIL, P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. Sprint, 2005


Prof. Victor MeloniFaculdade de Educação Física do UNIVAG-Centro UniversitárioMembro do GEASEProf. Paulo GentilEducador FísicoPresidente do GEASEFonte:GEASE - Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercíciohttp://www.gease.pro.br/Brasília / DF

Créditos: EducaçãoFísica.org agradece ao GEASE (http://www.gease.pro.br/) pela permissão de reproduzir o artigo "Periodização e Hipertrofia".

A recreação na terceira idade

INTRODUÇÃO Os estudos direcionados a terceira idade, têm apontado uma gama de benefícios à saúde a sociedade promovidos com a prática de atividades físicas cotidianas. Fator preocupante, pois está comprovado que a cada ano a população que pertence ao grupo da terceira idade, cresce de forma acelerada e sem os devidos esclarecimentos a respeito desses tais benefícios. Uma rotina ativa com simples tarefas, incluindo atividades leves individuais ou coletivas como: caminhadas de baixa intensidade, a utilização de escadas ao invés de elevadores, cuidar do jardim, atividades aquáticas, viagens turísticas a lazer em geral, proporcionam uma melhoria na condição física e psicológica, auxiliando na realização de movimentos do dia-a-dia, tornando esses indivíduos prestativos em seu meio social e conscientes enquanto cidadãos (LACOSTE, 1993). Em nosso estudo, nos deparamos com uma realidade muito diferente, afastada da ideal. Os idosos residentes no asilo São Francisco de Assis, por exemplo, não contam com atividades que visam uma melhoria na qualidade de vida e bem estar físico, convivem com uma deficiência total de atividades recreativas e a ausência de programas que estimulem o lazer, contribuindo diretamente para que a vida destes idosos se torne cada vez mais ociosa.
II - Problematização do estudo
Em decorrência da idade avançada e das perdas biológicas e sociais, o idoso passa a sofrer preconceitos, dentre eles a exclusão do meio produtivo e como também das perdas afetivas. Esta rejeição na maioria das vezes parte da própria família que o considera um estorvo dentro do lar. A solução mais prática vista pelos seus familiares é a "internação" numa casa de repouso - asilos. Os asilos locais são que não oferecem atividades suficientes para suprir suas necessidades. Tendo sempre uma vida monótona. Com o intuito de viabilizar momentos de descontração, promovemos atividades recreativas estimulando o organismo a produzir substâncias como, endorfinas e andrógenos, que são responsáveis pela sensação de bem estar fazendo com que seja recuperado a auto - estima. Estas sensações são inibidas pelo sedentarismo que somado ao stress provoca patologias fisiológicas e psicológicas.
III - Problema Como desenvolver a recreação para os idosos no Lar São Francisco de Assis?
IV - Objetivo: Verificar as mudanças de comportamento durante a recreação, em um estudo piloto.
V - Relevância do Estudo
Através de uma proposta de intervenção, aproximar-se, buscar entender e intervir numa realidade que até então não conhecíamos, buscando as possibilidades de promover uma reintegração dos idosos no asilo e a recuperação da auto-estima.
VI - Revisão de Literatura
O envelhecimento é um processo fisiológico e não está necessariamente ligado à idade cronológica. É nessa perspectiva que encaminhamos nosso trabalho, no sentido de compreender a fim de amenizar os problemas inerentes à Terceira Idade, promovendo momentos de prazer e descontração para que essa realidade seja plena, saudável e com melhores condições de vida.
Antigamente, nas sociedades tradicionais, os velhos eram muito considerados, por serem sinônimo de lembranças e sabedoria. Atualmente o descaso e o desprezo os excluem da sociedade, que os julgam improdutivos. É comum encontrar idosos abandonados e ignorados dentro da própria família.
A velhice sempre é vista, como um período de decadência física e mental. É um conceito equivocado, pois muitos cidadãos que chegam aos 65 anos, já que esta é a idade oficializada pela Organização das Nações Unidas, ainda são completamente independentes e produtivos.
Acreditamos na decadência sim, mas da sociedade que perde, não dando valor ou criando espaços adequados para as necessidades de nossos velhos. A população idosa, em nosso país, cresce a cada dia e com ela as dificuldades e as necessidades de adequar soluções eficientes, junto aos órgãos públicos, com o objetivo de tornar digna a vida dos nossos idosos.
Essa população que vem aumentando acentuadamente, não é, na maioria das vezes, reconhecida pela sociedade - até mesmo pela sua família - sendo vítimas de um relacionamento social impregnado de preconceitos. Geralmente, a velhice está ligada às modificações do corpo, com o aparecimento das rugas e dos cabelos brancos, com o andar mais lento, diminuição das capacidades auditiva e visual, é o corpo frágil. Essa é a velhice biologicamente normal, que evolui progressivamente e prevalece sobre o envelhecimento cronológico. Cientistas e geriatras preferem separar a idade cronológica (idade numérica) da idade biológica (idade vivida). Para eles, tanto o homem quanto à mulher se encontra na terceira idade por parâmetros físicos, orgânicos e biológicos.
Uma velhice tranqüila é o somatório de tudo quanto beneficie o organismo, como por exemplo, exercícios físicos, alimentação saudável, espaço para lazer, bom relacionamento familiar, enfim, é preciso investir numa melhor qualidade de vida. Ao contrário do que se pensa os idosos podem e devem manter uma vida ativa. Essa vitalidade se estende à vida sexual e suas transformações hormonais, com isso a idade avançada não deve impedir que um casal tenha uma vida sexual ativa.
A busca de uma vida com qualidade e o não aniquilamento da capacidade de amar, compreendendo-se aqui não só o relacionamento sexual, mas também o preenchimento das carências no que tange à afetividade e às expectativas de cada um: esta é a grande alavanca do bem-estar, da felicidade e, conseqüentemente, da longevidade.
A elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade deve levar basicamente em consideração o preparo para que o idoso possa cumprir suas necessidades básicas diárias (necessidades impostas pelo cotidiano), ou seja, tentar impedir que o idoso perca a sua auto-suficiência, através da manutenção de sua saúde física e mental.
Antes de se iniciar a prática de exercícios com idosos é necessário que o mesmo faça uma avaliação médica. Sabe-se que o tipo de atividade física ideal (envolve variáveis tais como: atividade mais adequada, freqüência, intensidade de trabalho), é determinada por variáveis que vão desde os hábitos de vida (fumante, tipo de alimentação, presença ou não de atividade física atual) até os fatores geneticamente herdados. Tendo como objetivo final à melhora ou manutenção da qualidade de vida relacionada à saúde, deve-se, então, escolher as capacidades físicas que sejam pré-requisitos básicos para a conquista de uma vida saudável.
As mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o processo de envelhecimento, vão influenciar de maneira decisiva no comportamento da pessoa idosa.
Com o declínio gradual das aptidões físicas, o impacto do envelhecimento e das doenças, o idoso tende a ir alterando seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas. Os efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade são muito sérios. Podem acarretar numa redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão.
Os efeitos da diminuição natural do desempenho físico podem ser atenuados se forem desenvolvidos com os idosos, programas de atividades físicas e recreativas que visem a melhoria das capacidades motoras que apóiam a realização de sua vida cotidiana, dando ênfase na manutenção das aptidões físicas de principal importância no seu bem estar.
É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações de seu corpo e tire proveito de sua condição, prevenindo e mantendo em bom nível sua plena autonomia. Para isso é necessário que se procure estilos de vida ativos, integrando atividades físicas a sua vida cotidiana.
Particularmente as atividades recreativas devem ser: atraentes, diversificadas, com intensidade moderada, de baixo impacto, realizadas de forma gradual, promovendo a aproximação social, sendo desenvolvidos de preferência coletivamente, respeitando as individualidades de cada um, sem estimular atividades competitivas, pois tanto a ansiedade como o esforço aumenta os fatores de risco.
Com isso é possível se alcançar níveis bastante satisfatórios de desempenho físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e interação social.
Deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e as potencialidades da pessoa idosa ajudam a lidar com as inevitáveis perdas decorrentes do envelhecimento.
VII - Metodologia
A característica do nosso estudo é a pesquisa participante, pois nos integramos ao grupo observado. Este tipo de estudo tem o objetivo inicial de ganhar a confiança do grupo, deixando expostas as nossas intenções mesmo que às vezes seja mais vantajoso ocultar alguns objetivos. "O observador participante enfrenta grandes dificuldades para manter a objetividade pelo fato de exercer influência no grupo ser influenciado por antipatias ou simpatias pessoais e pelo choque do quadro de referência entre o observador e o observado" ( MARCONI & LAKATOS, 1982: 68). No nosso caso, a partir das primeiras aproximações, ocorreu a participação real do grupo pesquisador com a comunidade através das atividades recreativas.
AMOSTRA: em um universo de 78 pessoas, a maioria delas de origem simples e pertencentes da classe trabalhadora, a realidade da nossa amostra variou entre 7 e 12 participantes nas atividades.
INSTRUMENTOS: a coleta de dados se deu através dos seguintes instrumentos: oficinas recreativas como desenhos, brincadeiras com massas de modelar, contos religiosos e músicas, e um diário de campo onde registramos e analisamos todos os nossos dados, apresentados a seguir.
Diário de Campo: relato do desenvolvimento das atividades
No primeiro dia de visita ao Lar São Francisco de Assis, conversamos com a diretora Elizabete, que nos deixou totalmente à vontade, não demonstrando nenhuma resistência para fazermos nossa pesquisa, nem tão pouco fez questionamento a respeito da procedência das nossas intenções, não se preocupando em preservar a integridade dos idosos que ali residem. Este tipo de reação nos deixou alerta para a forma como os idosos são tratados. Reação um pouco diferente, tivemos em outro asilo (só de mulheres: Luiza de Marilac) que visitamos. Lá, a diretora indagou sobre nossa proposta de estudo, a fim de saber objetivamente a finalidade do nosso trabalho. Apesar disso, escolhemos o Lar São Francisco de Assis, que possui as instalações mais apropriadas para a realização do nosso projeto.
O primeiro encontro foi um choque para nós, pois não conhecíamos de perto a realidade da vida monótona e solitária de um asilo. Dentre as pessoas que conversamos, algumas demonstraram total resistência às nossas aproximações, evitando qualquer possibilidade de diálogo. Durante este contato percebemos as dificuldades tanto psicológicas que iríamos enfrentar ao longo do trabalho.
A partir do segundo encontro tivemos mais receptividade por parte dos idosos, que ficaram mais à vontade com nossa presença(apesar de não se recordarem de nossa última visita). Durante a conversa eles relatavam sobre suas tristezas, família, juventude,... e demonstraram receio de nós sermos mais um grupo que os visitariam e depois os abandonariam. Também fizeram reclamações do asilo, como a falta de atividades para ocupar o tempo ocioso, a má qualidade da alimentação e até furtos de objetos pessoais.
Lá, a relação entre homens e mulheres é limitada, pois cada sexo tem seu corredor e um não pode visitar o outro, apesar das distâncias entre os sexos e da abstinência sexual, o desejo está bastante em alguns deles, como por exemplo, uma senhora que assediou o único componente masculino do grupo pesquisador em uma das oficinas realizadas. Percebendo isto, resolvemos integrar homens e mulheres no pátio (único lugar onde ambos os sexos poderiam se relacionar sem restrições), em uma conversa muito amistosa onde cantaram, contaram histórias, riram. Ao final deste encontro, fizemos propostas de oficinas que foram realizadas na visita seguinte. As oficinas mais cotadas foram: desenho, massa de modelar, jogos, contos religiosos, tudo acompanhado pelo som que eles mesmos escolheram: Roberto Carlos.
Na oficina de desenhos, fornecemos materiais necessários - giz de cera e papel - para explorar a criatividade e o desenvolvimento motor. Sem que houvesse imposições de regras, deixando - os livres para a realização desta atividade. Observamos que através de rabiscos que tinham formas e cores variadas, alguns retratavam suas experiências enquanto criança ou durante determinada etapa de suas existências.
Os desenhos não tinham uma definição lógica, eles diziam ser animais - pato, pata, onça, cobra, urso, ganso - sereia e até jangada. Podemos constatar que através das quantidades de cores utilizadas poderia haver alguma relação com seu estado emocional.
Foi curiosa a receptividade na oficina de massa de modelar, pois eles nunca tiveram a oportunidade de manuseá-la. Talvez por este fato não foram criativos, apenas repetiram os modelos apresentados pelos monitores. Pela falta de manuseio e o aroma atrativo, uma senhora mastigou um pedaço de massa, imaginamos que ela se confundiu com algum doce, pois era o que a mesma nos pedia.
Com os contos religiosos, notamos que a explanação surtiu melhor entendimento e conseqüentemente maior participação que a leitura detalhada. Sentimos algumas dificuldades devido às deficiências auditivas. Talvez pela questão cultural eles preferiam escutar os contos religiosos.
VIII - Síntese dos resultados do estudo-piloto
Foi verificado que as atividades recreativas proporcionam momentos de bem estar, uma vez que os idosos ali presentes tiveram uma participação ativa nas atividades propostas - no início apresentavam-se pacatos e no decorrer das propostas recreativas houve uma maior adesão por parte dos participantes - deste modo reativando sentimentos perdidos e a auto-estima como ponto fundamental de recuperação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :
FARIA JUNIOR, Alfredo; MARQUES, Andréa G; KRIEGEL, Regina - Anais do II Seminário Internacional sobre Atividades Físicas para a Terceira Idade. Rio de Janeiro: UnATI/UERJ, 1998. FARIA JUNIOR, Alfredo - Atividades Físicas para a Terceira Idade. Brasília: Sesi-DN, 1992.LACOSTE_MARQUES, Francisca in Actas in Physical Activity And Health In The Elderly, 486- 491. Oeiras: University of Porto, 1994.MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS Eva Maria - Técnicas de Pesquisa, 1ª Edição. Ed. Atlas, 1982. São Paulo.
Autores: Thaís Simões Pires; Jorge Luiz Nogueira; Arizângela Rodrigues; Maria Guadalupe Amorim; Andréa Flávia Oliveira. Acadêmicos/UFAL * Trabalho desenvolvido junto à disciplina Introdução a Metodologia Científica. Atualmente encontra-se em andamento junto à linha de pesquisa Atividade Física e Saúde - LEPEL/UFAL, grupo temático Atividade Física para a Terceira Idade.

 
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